O presidente iraniano Masoud Pezeshkian acusou Israel nesta segunda-feira (23/09) de querer ampliar o conflito no Oriente Médio, enquanto o Irã se contém na esperança de garantir a paz regional.
“Sabemos mais do que ninguém que, se uma guerra maior eclodir no Oriente Médio, não beneficiará ninguém em todo o mundo. É Israel que busca criar esse conflito mais amplo”, disse o mandatário a jornalistas durante uma visita a Nova York, nos Estados Unidos, para a reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Os comentários ocorrem em meio às crescentes tensões e troca de ataques entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, que é aliado ao Hamas e apoiado pelo Irã. Poucas horas antes, as forças israelenses lançaram um dos maiores bombardeios contra o Líbano, o que resultou na morte de 274 pessoas, incluindo 21 crianças, e mais de mil feridos, segundo o Ministério da Saúde do país.
Pezeshkian também fez críticas contra os Estados Unidos e outros países ocidentais por continuarem ignorando as atrocidades de Israel na Faixa de Gaza. O presidente iraniano mencionou que o Ocidente tem apelado para que o Irã não retalie em apoio ao povo libanês e, assim, evite de comprometer os esforços de Washington para um cessar-fogo no território palestino.
“Nós tentamos não responder. Eles seguem nos dizendo que estamos alcançando a paz […] Mas nunca alcançamos essa paz indescritível. Todos os dias Israel está cometendo mais atrocidades e matando mais e mais pessoas. Velhos, jovens, homens, mulheres, crianças, hospitais, outras instalações”, criticou, endossando a postura tomada pelo Hezbollah contra o exército israelense.
“O Hezbollah disparou um foguete. Se o Hezbollah não fizesse esse mínimo, quem os defenderia?” afirmou. “Curiosamente, continuamos [iranianos] sendo rotulados como os perpetradores da insegurança. Mas olhe em que pé está a situação.”
Pezeshkian ainda declarou que seu país continuará apoiando o Hezbollah enquanto Israel estiver sendo armado e financiado pelos Estados Unidos.
“Estamos dispostos a colocar todas as nossas armas de lado, desde que Israel esteja disposto a fazer o mesmo. Mas não podemos ter atores externos entrando, armando um lado até os dentes e impedindo que o outro lado tenha os meios para se defender”, disse o presidente iraniano.
Bombardeio ao Líbano
Nesta segunda-feira, pelo menos 274 pessoas, incluindo 21 crianças, morreram e mais de mil ficaram feridas no maior ataque israelense ao Líbano. Trata-se também do maior número de baixas no país em um único dia desde o início da guerra em Gaza, motivo que provocou aumento das hostilidades entre Israel e o Hezbollah.
De acordo com o Ministério da Saúde de Beirute, os bombardeios atingiram dezenas de cidades, entre elas: Bint Jbeil, Aitaroun, Majdal Selem, Hula, Toura, Qlaileh, Haris, Nabi Chit, Tarayya, Shmestar, Harbata, Libbaya e Sohmor.
Hospitais no sul e no leste do país interromperam cirurgias não urgentes para se concentrar nos cuidados aos feridos, enquanto cidadãos receberam mensagens das forças israelenses para que evacuassem e fugissem de ataques iminentes, segundo o Ministério da Informação do Líbano.
A tensão disparou entre Israel e o Líbano após uma semana de ataques no território libanês que resultaram em dezenas de mortos e milhares de feridos. Na última terça (17/09) e quarta-feira (18/09), centenas de pagers e walkie-talkies, dispositivos de comunicação, foram explodidos em todo o país, vitimando civis e membros do Hezbollah.
Em seguida, na sexta-feira (20/09), um bombardeio israelense matou Ibrahim Aqil, um alto comandante do grupo libanês, além de cerca 50 pessoas, entre elas, outros membros do Hezbollah.