Após uma semana marcada por tensões e impasses, o grupo palestino Hamas libertou mais três reféns neste sábado (15/02), como parte do acordo de cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza.
Após uma cerimônia em um palco construído em Khan Younis, os membros do grupo entregaram os israelenses para integrantes da Cruz Vermelha, organização humanitária responsável pelas trocas de prisioneiros no conflito.
Os reféns liberados hoje são o americano-israelense Sagui Dekel-Chen, o russo-americano Alexandre Sasha Troufanov e o israelense Yair Horn.
Em troca, Israel soltou 333 prisioneiros palestinos, que foram entregues vestindo roupas criadas por Tel Aviv. As blusas continham o escrito “Nunca esqueceremos e nunca perdoaremos” em árabe, ao lado de uma estrela de Davi, símbolo do judaísmo.
Segundo vídeos que circulam na mídia palestina, após chegarem em Gaza, os prisioneiros, alguns que estavam há anos sob tortura nas detenções israelenses, sem condenações ou evidências formais, queimaram as roupas que foram submetidos a usar.
Segundo a emissora Al Jazeera, o Hamas classificou a frase como um “slogan racista nas costas de seus heroicos prisioneiros”, denunciando seu tratamento “cruel e violento, em uma flagrante violação das leis e normas humanitárias”.

Blusa que palestinos foram obrigados a usar com frase “nunca esqueceremos e nunca perdoaremos” em árabe, ao lado de uma estrela de Davi, símbolo do judaísmo
Tensões no acordo de cessar-fogo
Após a devolução, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o grupo palestino de “tentar violar o acordo e criar uma crise com falsas acusações”. Também atribuiu a libertação dos reféns mantidos desde 7 de outubro de 2023 às forças militares de Israel em Gaza e às ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, caso o grupo palestino não mantivesse o acordo.
Netanyahu refere-se ao fato de que o Hamas confirmou a mais recente libertação de reféns israelenses apenas na última quinta-feira (13/02).
Segundo seu comunicado, a decisão de manter o cronograma foi mantida após Catar e Egito, mediadores das negociações, prometerem trabalhar para remover os “obstáculos” israelenses que estariam atrasando o fluxo de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, uma das acusações do Hamas que levou à interrupção na soltura dos reféns.
O Hamas havia anunciado a interrupção da libertação de reféns ao acusar Israel de violar os termos do cessar-fogo, sobretudo em relação à chegada de ajudas para a população civil, como “caravanas de casas pré-fabricadas, tendas, equipamentos pesados [para remoção dos escombros] suprimentos médicos e combustíveis”.
Em resposta, Netanyahu, ameaçou retomar a guerra, com o respaldo de Trump, que prometeu um “inferno” no enclave caso o Hamas não mantivesse o acordo.
Contudo, o porta-voz do grupo, Abdul Latif al-Qanou, afirmou que “a linguagem de ameaças e intimidação” usadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, “não serve à implementação do acordo de cessar-fogo” e que a resistência tomou a decisão para “evitar” que o acordo de trégua fracasse.
A primeira fase do acordo de cessar-fogo de 42 dias começou em 19 de janeiro. Até agora, 21 dos 33 reféns israelenses previstos a serem libertados pelo Hamas retornaram a Israel, em troca de quase mil prisioneiros palestinos.
(*) Com Ansa e informações da Al Jazeera