O número de mortos em um bombardeio noturno israelense em uma escola da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) subiu para 37 mortos nesta quinta-feira (06/06), segundo informações do Hospital Al-Aqsa, em Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza.
O Exército israelense reivindicou o ataque, alegando que uma base do Hamas estava localizada no estabelecimento, situado em Nuseirat, no centro do enclave. “Vários terroristas” foram eliminados, segundo as forças israelenses.
“Os caças do Exército realizaram um ataque preciso a uma base do Hamas dentro de uma escola da UNRWA na região de Nuseirat”, afirmou o Exército israelense.
De acordo com um comunicado, “terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica pertencentes às forças de Nukhba que participaram do ataque mortal contra comunidades no sul de Israel, em 7 de outubro, estavam operando no complexo. Os terroristas dirigiram sua campanha de terror da área da escola, explorando-a e usando como abrigo”, diz o texto.
Muitos edifícios da agência da ONU na Faixa de Gaza foram transformados em abrigos para a população civil do território palestino retirada de suas casas, após oito meses de combates.
A agência diz que a maioria de suas escolas que abrigam deslocados foram afetadas pelos bombardeios. Algumas estão completamente destruídas.
O Exército israelense acusa os combatentes do Hamas, que estão no poder na Faixa de Gaza desde 2007, de se esconderem nesses edifícios.
O grupo, considerado uma organização terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos, negou as acusações.
Segundo um médico do Hospital de Al-Aqsa, seis pessoas morreram e várias outras ficaram feridas após outro ataque israelense a uma casa no campo de refugiados de Nuseirat durante a noite de quarta-feira.
No início da noite, o hospital disse que estava enfrentando uma “falha de um de seus geradores de energia”, o que poderia complicar o tratamento de pacientes vulneráveis e causar “uma catástrofe humanitária”.
A agência da ONU para refugiados coordena quase toda a ajuda a Gaza e foi acusada por Israel em janeiro de envolvimento no ataque de 7 de outubro, que deu início à guerra na Faixa de Gaza. Isso levou muitos países, incluindo os Estados Unidos, o maior doador, a suspender o financiamento à agência.
Negociações em Doha
Segundo testemunhas, intensos disparos de foguetes também ocorreram durante a noite nos campos de al-Boureij e Maghazi, no centro da Faixa de Gaza.
De acordo com uma fonte local, aviões israelenses também realizaram vários ataques no leste e no centro da cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, onde o Exército israelense lançou operações terrestres no início de maio.
As forças de Israel afirmam terem matado três combatentes que tentavam atravessar a cerca de segurança entre a Faixa de Gaza e Israel, na área de Rafa. A ofensiva em Rafah, que a ONU diz ter forçado um milhão de palestinos a fugir da cidade, também levou ao fechamento da passagem com o Egito, essencial para a entrada de ajuda internacional no território sitiado.
Cessar-fogo
Egito, Estados Unidos e Catar, que desempenham o papel de mediadores, continuam as negociações para um cessar-fogo, poucos dias depois de o presidente norte-americano, Joe Biden, anunciar um plano proposto por Israel.
A primeira fase do acordo prevê um cessar-fogo de seis semanas, acompanhado por uma retirada israelense de áreas densamente povoadas de Gaza, a libertação de alguns reféns sequestrados durante o ataque do Hamas e prisioneiros palestinos detidos por Israel.
Segundo uma fonte próxima das negociações, o primeiro-ministro do Catar, o chefe da inteligência egípcia e o Hamas discutiram nesta quarta-feira um acordo para uma trégua em Gaza e uma troca de reféns e prisioneiros.
O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, reiterou na quarta-feira (05/06) as exigências do movimento, que estudará “seriamente” qualquer proposta baseada em “uma interrupção completa” da ofensiva israelense, “uma retirada total” de Gaza e “uma troca de prisioneiros”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira que Israel estava “pronto para uma operação muito intensa” na fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah troca tiros com o exército israelense diariamente em apoio ao Hamas.