A Defesa Civil de Gaza informou, na madruga deste sábado (10/08), que um ataque israelense matou pelo menos 90 pessoas em uma escola que servia de alojamento para desabrigados.
Três mísseis atingiram a escola al-Tabi’een, localizada no centro de Gaza, e a mesquita ali presente, onde cerca de 6.000 pessoas deslocadas se abrigavam da guerra, a maioria mulheres e crianças, segundo o porta-voz dos socorristas da Defesa Civil.
Os ataques ocorreram sem aviso prévio, antes do nascer do sol, durante as orações na mesquita, segundo relatos de pessoas no local à agência de notícias Associated Press (AP).
“Havia pessoas rezando, pessoas se lavando e pessoas no andar de cima dormindo, incluindo crianças, mulheres e idosos”, disse à AP Abu Anas, que trabalhava para resgatar pessoas no local da explosão.
Cenas de terror
Este ataque é um dos mais mortíferos desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro, segundo dados divulgados pelo movimento islâmico palestino.
Militares israelenses disseram em um comunicado que sua força aérea tinha como alvo um centro de comando e controle do Hamas, onde 20 militantes do grupo e da Jihad Islâmica estariam escondidos.
As Forças de Defesa de Israel afirmam que tomaram medidas para reduzir o risco de ferir civis, “incluindo o uso de munições precisas, vigilância aérea e informações de inteligência”, mas não comentaram sobre os relatórios de vítimas.
Segundo a corporação, o número de vítimas fornecidos pelo escritório de mídia administrado pelo Hamas “não se alinham com as informações mantidas pelas IDF (Forças de Defesa de Israel), as munições precisas usadas e a precisão do ataque”.
O Hamas negou que a escola estivesse sendo usada como centro de comando, com testemunhas descrevendo cenas de carnificina.
85% das escolas em Gaza atingidas
A ofensiva israelense em curso em Gaza é uma resposta a um ataque no sul de Israel em 7 de outubro pelo Hamas e militantes, no qual cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, foram mortas, e 250 foram feitas reféns. O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e Alemanha, entre outro países.
Já Israel está sendo investigado por alegações de crimes de guerra e genocídio cometidos durante suas operações em Gaza.
A ONU informou que 477 das 564 escolas de Gaza, até 6 de julho, foram diretamente atingidas ou danificadas no conflito mais recente.
Em junho, um ataque israelense a uma escola que abrigava palestinos desabrigados na região central de Gaza matou pelo menos 33 pessoas, incluindo 12 mulheres e crianças, de acordo com autoridades de saúde locais.
Israel atribuiu a culpa pelas mortes de civis em Gaza ao Hamas, dizendo que o grupo coloca em risco os não combatentes ao usar escolas e bairros residenciais como bases para operações e ataques.
Na declaração deste sábado, militares israelenses disseram que a escola estava localizada ao lado de uma mesquita que serve de abrigo para os moradores da Cidade de Gaza.
Reações internacionais
Os temores de uma guerra regional completa no Oriente Médio cresceram desde os recentes assassinatos do líder do grupo islâmico palestino Hamas, Ismail Haniyeh, no Irã, e do comandante militar do Hezbollah, Fouad Shukr, no Líbano.
As duas mortes provocaram ameaças de retaliação contra Israel, principalmente por parte do Irã, embora esse país não tenha sido mencionado explicitamente na declaração.
O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse ao Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, que qualquer escalada da guerra em Gaza para o Oriente Médio seria contraproducente para todos os envolvidos.
Blinken enfatizou a “necessidade urgente de se chegar a um cessar-fogo em Gaza” que poderia libertar os reféns mantidos no enclave e “criar as condições para uma estabilidade regional mais ampla”, acrescentou o comunicado.
O Egito, um dos principais mediadores entre o Hamas e Israel, condenou veementemente o ataque no sábado a uma escola na Cidade de Gaza, dizendo que o ataque demonstrou um “desrespeito sem precedentes pelo direito internacional”.
O Ministério das Relações Exteriores no Cairo disse que o ataque foi uma “continuação de crimes em grande escala” em que “um grande número de civis desarmados” perderam suas vidas.
O ataque foi uma “prova clara” de que não havia vontade por parte de Israel de acabar com a guerra em Gaza, já que ocorreu enquanto os mediadores tentavam conseguir um cessar-fogo no conflito.
A vizinha Jordânia também condenou o ataque, chamando-o de “violação flagrante” da lei internacional.