Ataques de Israel contra Gaza matam ao menos 70 pessoas em 24h
Informações são das autoridades de saúde do enclave, mas podem estar aquém do real, pois a região está isolada
O cerco militar de 24 dias ao norte da Faixa de Gaza já matou ao menos mil pessoas, e cerca de 70 só nas últimas 24 horas anteriores à manhã desta segunda-feira (28/10). A maioria foram mulheres e crianças.
As informações são das autoridades de saúde de Gaza, mas podem estar aquém do real, pois a região está isolada, quase sem receber suprimentos, seja medicamentos ou comida, e com as equipes de resgate impedidas de chegar aos locais bombardeados para resgatar as dezenas de soterrados.
Segundo o repórter Deir al-Balah, da emissora catari Al Jazeera, houve uma mudança na estratégia dos ataques israelenses. Segundo ele, o objetivo agora parece ser destruir completamente todos os edifícios. Os que se mantém em pé após os bombardeios aéreos são dinamitados pelas tropas terrestres.
“Eles querem tornar toda a área inabitável, atacando prédios residenciais, instalações públicas e centros de evacuação, o que quer que tenha sobrado deles. O objetivo é impedir que as pessoas retornem a essas áreas”, explicou al-Balah.
Em algumas áreas do norte, apenas alguns edifícios permanecem intactos e ali se concentram 400 mil pessoas, muitas delas evacuadas de outras áreas de Gaza.

WAFA
Estratégia é não deixar pedra sobre pedra para que os palestinos não tenham para onde voltar
Colonos invadem a Faixa
Enquanto isso, as organizações de extrema direita de Israel planificam a instalação de novos colonos em Gaza. Na semana passada, promoveram um encontro e instalaram um acampamento perto da fronteira para exigir o direito de ocupar aquele território.
Cerca de 700 famílias já estão inscritas para colonizar Gaza e alguns membros do grupo passaram a fronteira do enclave na sexta-feira (25/10).
“A terra de Israel pertence apenas ao povo israelense, espero que os palestinos desapareçam”, diz o parlamentar Osher Shekalim, do Likud, o mesmo partido ultradireitista do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O ato recebeu apoio de amplas parcelas do governo e a proteção do Exército. Os acampados receberam a visita dos ministros ultranacionalistas de Segurança Nacional e Finanças, respectivamente Itamar Ben Gvir e Bezalel Smortrich, que também são colonos em terras palestinas.
“Em menos de um ano, vocês verão como os judeus virão a Gaza e como os árabes desaparecerão”, disse Daniella Weiss, de 79 anos, e uma das líderes mais antigas do movimento colonial israelense, em reportagem do jornal espanhol El País.
Weiss fala sem meias palavras em “limpeza étnica” e, em julho passado, ela foi sancionada pelo Canadá por “facilitar, apoiar ou financiar” a violência de judeus radicais contra civis palestinos na Cisjordânia.
Israel decide se expulsa UNRWA
Nesta segunda-feira, o Parlamento de Israel deve votar dois projetos de lei para expulsar de Gaza e da Cisjordânia a agência da ONU para assistência aos palestinos (UNRWA).
Sob a alegação de que muitos funcionários da UNRWA pertencem também a organizações armadas, um dos projetos determina que a agência “não estabelecerá nenhuma representação, não fornecerá nenhum serviço ou conduzirá nenhuma atividade dentro do território de Israel.
Apesar da oposição da maioria dos países do mundo, inclusive de aliados de Israel, os projetos de lei parecem ter maioria no Parlamento israelense.
À provável expulsão da UNRWA, somam-se os ataques às forças de Paz da ONU no Líbano após repetidos pedidos para que se retirassem, o assassinato deliberado de mais de 130 jornalistas na guerra mais mortal para esses profissionais e também a destruição de seus equipamentos e instalações.
Mais refugiados bombardeados
No centro de Gaza, três civis, sendo uma criança, foram mortos por drones israelenses nos campos de refugiados de Bureij e Maghazi, segundo a agência de notícias palestina Wafa.
12 palestinos foram presos na Cisjordânia ocupada, em Hebron, Nablus e Belém. Desde que a guerra começou, mais de 11.500 palestinos foram presos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental.