Quarta-feira, 26 de março de 2025
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O diretor da agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou nesta quarta-feira (26/02) na rede social X que “a Cisjordânia está testemunhando uma disseminação alarmante da guerra de Gaza“.

“O medo, a incerteza e a tristeza reinam novamente” entre os habitantes, protestou Lazzarini, referindo-se à operação militar israelense iniciada em janeiro na Cisjordânia, apenas dois dias depois do início da trégua entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza.

O comissário da ONU, cuja organização é responsável por fornecer ajuda e educação aos palestinos na Cisjordânia, em Gaza e àqueles que vivem em países vizinhos e têm o estatuto de refugiados, disse no X que a a região se tornou “um campo de batalha”.

Em 21 de janeiro, o Exército de Israel iniciou uma operação de grande envergadura contra três campos de refugiados localizados nas cidades de Jenin, Tulkarem e Nur Shams. Em pouco mais de um mês, o avanço dos tanques forçou 40 mil palestinos a fugirem de suas casas nessas áreas.

Até quarta-feira (25/02), o movimento palestino Jihad Islâmica afirmou que 51 mortos foram contabilizados nessas operações na Cisjordânia, entre eles sete crianças.

“A destruição da infraestrutura pública, o nivelamento de estradas e as restrições de acesso se tornaram comuns”, relatou Lazzarini.

Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967 e realiza ataques frequentes contra militantes palestinos, mas a atual ofensiva no norte é a mais longa no território em duas décadas. No domingo (23/02), autoridades israelenses disseram que tropas permaneceriam em campos de refugiados no norte da Cisjordânia por muitos meses.

@idfonline/X
Em 21 de janeiro, Exército de Israel iniciou operação contra três campos de refugiados na Cisjordânia

Anexação inviabilizaria solução de dois Estados

Na terça-feira (25/02), a enviada da ONU para o processo de paz na região, Sigrid Kaag, alertou que as transformações em andamento no Oriente Médio representam o que pode ser a “última chance” para uma solução de dois Estados, um israelense e um palestino, alertando em particular contra os pedidos de anexação da Cisjordânia ocupada.

“O Oriente Médio está passando por uma rápida transformação, cuja escala e impacto são incertos, mas que representa uma oportunidade histórica”, disse Kaag ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Os povos da região podem emergir deste período em paz, segurança e dignidade. Mas também pode ser nossa última chance de alcançar uma solução de dois Estados”, ela alertou.

Nesse contexto, a continuação da colonização na Cisjordânia, as operações militares israelenses neste território palestino ocupado e “os apelos à anexação representam uma ameaça existencial à perspectiva de um Estado palestino viável e independente e, portanto, à solução de dois Estados”, insistiu.

Kaag alertou que uma “retomada das hostilidades” em Gaza, onde um frágil cessar-fogo entre Israel e o Hamas está em vigor desde 19 de janeiro, “deve ser evitada a todo custo”.

As pressões pela anexação da Cisjordânia vêm da extrema direita israelense e de partidos ultraortodoxos que apoiam o governo de Benjamin Netanyahu. O dirigente israelense ainda conta com total apoio do presidente norte-americano, Donald Trump, que deu a ele carta branca para remodelar a região sem considerar qualquer interesse dos palestinos.

Nova troca de prisioneiros por corpos de reféns em Gaza

O movimento islamista palestino Hamas confirmou que entregará na noite desta quarta-feira a Israel os corpos de quatro reféns israelenses, todos homens, em troca da libertação de 625 prisioneiros palestinos.

Forças egípcias devem recuperar os corpos de Tsahi Idan, Itzik Elgarat, Shlomo Mantzur e Ohad Yahalomi, este último um franco-israelense que estava em poder de um grupo palestino aliado ao Hamas, as Brigadas Al-Nasser Salah al-Dine.