Ativistas denunciam polícia britânica por interrogar sobrevivente do Holocausto após ato pró-Palestina
Stephen Kapos, de 87 anos, fez parte da marcha pacífica de 18 de janeiro, em Londres, na qual manifestantes carregavam flores para homenagear vítimas do genocídio de Israel
Cerca de 40 sobreviventes do Holocausto, junto com seus familiares, assinaram uma carta denunciando a polícia do Reino Unido por chamar Stephen Kapos, de 87 anos, também sobrevivente do processo de genocídio nazista, para interrogatório nesta sexta-feira (21/03). As autoridades britânicas exigem explicações ao militante de nacionalidade húngara referente à participação de um protesto pró-Palestina ocorrido em 18 de janeiro, em Londres. Na ocasião, a manifestação contra o genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza, foi reprimida pelas autoridades britânicas e resultou na prisão de 70 pessoas.
No início de março, a polícia britânica entregou cartas a diversos ativistas proeminentes, chamando-os para serem interrogados sobre seus supostos papéis na marcha de 18 de janeiro. Na lista, além de Kapos, que tem regularmente participado de marchas pró-Palestina desde 7 de outubro de 2023, constam figuras como o ator Khalid Abdalla e oficiais da ‘Stop the War Coalition’ (“Coalizão Pare a Guerra”, na tradução em português), a ‘Campaign for Nuclear Disarmament’ (‘Campanha para o Desarmamento Nuclear’) e o grupo ‘Friends of al-Aqsa’ (“Amigos de al-Aqsa”).
“Qualquer repressão ao direito de protestar já é ruim o suficiente, mas perseguir um judeu de 87 anos cujas experiências no Holocausto o obrigam a falar contra o genocídio de Gaza é bastante terrível”, escreveram os signatários.
40 Holocaust survivors/descendants have signed a letter denouncing Met’s pursuit of Stephen Kapos
“Any repression of the right to protest is bad enough – but a Jewish 87 yr old whose Holocaust experiences compel him to speak out against the Gaza genocide is quite appalling” 🧵 pic.twitter.com/AHs3igMaff
— Stop the War (@STWuk) March 19, 2025
No protesto de 18 de janeiro, as autoridades do Reino Unido acusaram os manifestantes que defendiam a causa palestina de romperem uma barreira policial entre Whitehall e Trafalgar Square. A alegação foi contestada pelos organizadores do protesto.
Em comunicado publicado em 3 de março, a Stop the War Coalition criticou a postura da polícia em restringir o direito ao protesto público e “silenciar” o movimento de solidariedade à Palestina. Denunciou ainda que a repressão “certamente veio como resultado da pressão política de apoiadores das políticas pró-genocídio de Israel”.
“Todos aqueles que receberam as cartas estavam simplesmente carregando flores para colocar em homenagem às dezenas de milhares de civis, a maioria mulheres e crianças, massacrados por Israel desde outubro de 2023”, enfatizou o grupo, explicando que se tratou de uma marcha pacífica.
