Terça-feira, 13 de maio de 2025
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Horas após o ataque de drones contra uma embarcação da Flotilha da Liberdade, organização que levava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, Israel ainda não se pronunciou sobre o atentado que lhe foi atribuído. Mas, segundo apurou o jornal Times of Malta, um avião militar de Tel Aviv pairou sobre a região “horas antes” do bombardeio.

De acordo com o periódico do país europeu, a aeronave das Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês) deixou seu local de origem na última quinta-feira (01/05) e “pairou” sobre o espaço aéreo de Malta antes da embarcação ser atingida.

O Times of Malta rastreou as ações do avião C-130 Hercules com a ferramenta de voos online ADS-B. De acordo com o vídeo, o avião “realiza uma série de manobras sobre o Banco de Hurd, a leste da ilha, a uma altitude relativamente baixa de cerca de 1.500 metros”, e retorna a Israel sete horas depois.

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Além da gravidade do crime de guerra possivelmente cometido por Israel, uma fonte militar de Malta denuncia que Tel Aviv “parece ter pilotado uma aeronave militar não autorizada” sobre o país, que faz parte da União Europeia. O ato consiste em uma “violação da neutralidade”, afirmou o funcionário, sob condição de anonimato, ao periódico local.

Possível ataque de Israel destruiu ajuda, mas não deixou vítimas

O governo de Malta, comandado pelo Partido Trabalhista, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a possível invasão de seu espaço aéreo por Israel para atingir a embarcação de ajuda humanitária direcionada ao povo palestino.

Por outro lado, uma fonte governamental declarou ao Times of Malta que o governo “está levando isso a sério”. “Estamos coletando todas as informações que podemos obter”, declarou.

Já a oposição, o Partido Nacionalista, pediu ao governo “garantias claras” sobre a situação da segurança nacional do país. “O PN está se abstendo de especular se o incidente constitui um ato militar, enfatizando que a segurança nacional deve permanecer a principal prioridade”, disse.

O envolvimento do governo maltês foi crucial no combate às chamas que o ataque de drones deixou no navio. Segundo um comunicado, todos os ocupantes da embarcação humanitária estão vivos.

Israel pode ter violado espaço aéreo europeu para impedir entrada de ajuda humanitária em Gaza
Embassy of Palestine in Malta/Instagram

De acordo com o documento oficial do governo de Malta, havia 12 tripulantes e quatro passageiros civis a bordo, e não houve registro de vítimas fatais. “O rebocador mais próximo foi direcionado para ajudar a embarcação. O navio chegou ao local e começou operações de combate a incêndio. Às 1h28 (23h28 GMT de quinta-feira), o fogo foi declarado sob controle”, informou o governo maltês.

Ainda segundo o governo, uma patrulha das Forças Armadas de Malta também foi enviada ao local para prestar apoio. “Às 2h13, todos os tripulantes foram confirmados como seguros, mas se recusaram a embarcar no rebocador. A embarcação permanece fora das águas territoriais e está sendo monitorada pelas autoridades competentes”, acrescenta a nota oficial.

O rebocador ofereceu resgate aos 12 ativistas que estavam no barco, que negaram a ajuda, pois queriam garantir que a embarcação permanecesse flutuando, apesar da ajuda humanitária ter sido afetada.

Para o embaixador da Palestina em Malta, Fadi Hanania, a rápida ação do governo do país foi essencial para “evitar uma tragédia”.

“Os palestinos estão agradecidos pela rápida resposta e ação profissional do governo a este incidente, que evitou que uma tragédia acontecesse”, declarou a autoridade nesta sexta-feira (02/05).

Hanania aproveitou da comoção perante o ataque para pedir à comunidade internacional que impeça os “ataques israelenses em andamento em Gaza e permita que a ajuda humanitária chegue aos palestinos”.

Diante das acusações, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não respondeu às solicitações da imprensa sobre o caso, nem concedeu um posicionamento oficial.

A Flotilha da Liberdade teme um ataque semelhante ao ocorrido em 2010, quando forças israelenses, com lanchas e helicópteros, atacaram embarcações da organização. Na ocasião, nove ativistas foram mortos, já no mais recente ataque ainda não há a notificação de feridos.

(*) Com Brasil247 e informações de Times of Malta