Segunda-feira, 9 de junho de 2025
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O Escritório das Nações Unidas (ONU) para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) descreveu nesta sexta-feira (30/05) a Faixa de Gaza como “o lugar mais faminto do mundo”, ao denunciar o governo israelense de estar bloqueando a entrada de quase todos os suprimentos básicos no enclave. 

Segundo o porta-voz da entidade, Jens Laerke, apenas 600 caminhões de auxílio humanitário, dos 900 totais que a princípio Tel Aviv autorizou quando aliviou parcialmente o bloqueio total, em 2 de março, têm conseguido chegar na fronteira de Israel com Gaza. Ainda de acordo com ele, de lá, há também “uma mistura de obstáculos burocráticos e de segurança”, o que impossibilita a garantia da passagem segura de recursos para os palestinos.

“As rotas que estamos sendo designadas para usar pelas autoridades israelenses são muitas vezes congestionadas, inseguras e há atrasos significativos nas aprovações de que precisamos”, disse, ao classificar que as operações de ajuda aos palestinos se torna, atualmente, “uma das mais obstruídas na história recente da resposta humanitária global”.

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Laerke também apontou o sistema de bloqueio e controle de Israel sobre a passagem dos recursos “são impostos por uma parte do conflito, a potência ocupante, Israel em Gaza”.

“O que conseguimos trazer foi farinha”, disse ele. “Que não está pronta para comer, certo? Ela precisa ser cozida. 100% da população de Gaza corre o risco de fome.”

Segundo as Nações Unidas (ONU), 100% dos palestinos correm risco de fome por conta do bloqueio israelense na Faixa de Gaza
X/UNRWA

O porta-voz da OCHA também falou sobre a Fundação Humanitária de Gaza, uma instituição com o suposto objetivo de distribuir ajuda que foi escolhida pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e apoiada pelos Estados Unidos. A emissora catari Al Jazeera descreveu a iniciativa como “controversa”, na qual a ONU e diversas ONGs se recusaram a participar de suas operações.

“A alternativa que eles sugeriram não é imparcial, independente ou viável”, disse Laerke sobre a fundação. Em um artigo publicado em 24 de maio, o jornal norte-americano The New York Times citou funcionários israelenses, que falaram sob condição de anonimato, ao informar que o plano para suposta ajuda em Gaza foi “concebido e desenvolvido em grande parte por israelenses como uma forma de prejudicar o Hamas”.

Por sua vez, o porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Tommaso della Longa, acrescentou que metade de suas instalações médicas na região estavam inoperantes por falta de combustível ou equipamentos médicos, recursos que também são impedidos pelo bloqueio israelense.