Quinta-feira, 12 de junho de 2025
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A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (05/06) um projeto de lei liderado pelos republicanos que impõe sanções ao Tribunal Penal Internacional (TPI) pela sua decisão de emitir mandados de prisão contra líderes israelenses, sobretudo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, acusados pelo cometimento de crimes de guerra contra os palestinos. 

A legislação foi aprovada por 247 votos a 155, enquanto 42 democratas cruzaram as linhas partidárias para ajudar os republicanos a avançar o projeto. 

Liderada pelo deputado republicano pró-Israel do Texas, Chip Roy, a lei exige sanções obrigatórias e restrições de visto a estrangeiros que trabalhem ou forneçam fundos para o TPI em processos contra os Estados Unidos, Israel ou qualquer aliado do governo norte-americano.

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De acordo com a rede britânica BBC, os democratas que se opuseram à medida apoiam em grande parte Israel, mas criticam o governo conservador de Netanyahu. Durante a votação, alguns também argumentaram que a decisão poderia levar os Estados Unidos a sancionar nações aliadas que apoiam o tribunal.

“O projeto de lei zomba da ordem internacional baseada em regras nas quais os Estados Unidos ajudaram a construir”, criticou Jim McGovern, um democrata de Massachusetts.

Ainda segundo o veículo britânico, embora o projeto tenha sido aprovado na Câmara, não se espera que se torne lei, uma vez que a legislação “provavelmente será ignorada pelos democratas que controlam o Senado, onde teria que ser aprovada antes de ser sancionada pelo presidente”.

A votação foi realizada semanas após o procurador-chefe do TPI, Karim Khan, emitir mandados de prisão contra Netanyahu, e seu ministro de Defesa, Yoav Gallant.

Khan argumentou que seu gabinete tinha “motivos razoáveis para acreditar” que as duas autoridades israelenses eram responsáveis por “crimes de guerra e crimes contra a humanidade” em Gaza, incluindo a promoção de fome aos palestinos e o direcionamento intencional de ataques contra a população civil.

Netanyahu classificou as acusações de “absurdas” e “falaciosas”. Nessa mesma linha, o presidente norte-americano Joe Biden denunciou a medida ao afirmar que “não há como equiparar Israel e o Hamas”.

Reprodução/US House of Representatives
Legislação que impõe sanções ao Tribunal Penal Internacional (TPI) foi aprovada pela Câmara por 247 votos a 155, enquanto 42 democratas cruzaram as linhas partidárias para ajudar os republicanos a avançar o projeto
Uma votação ‘vergonhosa’

O ator e cineasta de Hollywood, Mark Ruffalo, repudiou a votação norte-americana e a chamou de “vergonhosa” ao enfatizar que o pedido do TPI “é um marco na responsabilização de Israel pelas suas violações do direito humanitário internacional”.

Segundo o portal Middle East Eye, a diretora-executiva da Democracia Já para o Mundo Árabe (DAWN, na sigla em inglês), Sarah Leah Whitson, considerou a postura da Câmara norte-americana como uma “tentativa vergonhosa de obstruir a justiça e minar o Estado de Direito para proteger os líderes israelenses da responsabilização”.

O diretor de defesa do grupo com sede em Washington, Raed Jarrer, também criticou a decisão, afirmando que “o projeto de lei da Câmara não é apenas um ataque aos esforços para responsabilizar os abusadores israelenses por seus crimes hediondos contra os palestinos, é também um ataque aos direitos humanos, à justiça e ao Estado de Direito”.

A ativista de direitos humanos e cofundadora do movimento CODEPINK, Medea Benjamin, usou suas redes sociais para declarar repúdio: “Não podemos permitir que o nosso governo ataque instituições internacionais que defendem o Estado de Direito”.