O Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estima que provavelmente mais de 10 mil pessoas estão enterradas sob os escombros em Gaza, resultado dos intensos e contínuos bombardeios israelenses por ar, terra e mar que deixaram bairros inteiros arrasados, com centenas de edifícios destruídos.
A estimativa da agência, publicada na quarta-feira (01/05), dá conta que a recuperação de cadáveres dos escombros é um enorme desafio, devido à falta de escavadeiras, equipamentos e pessoal.
Nesse sentido, a agência calcula que usando as ferramentas disponíveis “pode levar até três anos para recuperar os corpos”. Além disso, o aumento das temperaturas acelerará a decomposição dos cadáveres, aumentando a ameaça de propagação de doenças.
Os peritos da ONU apontaram que cerca de 7,5 mil toneladas de artefatos não detonados poderiam estar “espalhadas” por toda Gaza, uma quantidade que poderia levar até 14 anos para ser eliminada.
Entretanto, para mitigar o risco para os civis e as equipes de ajuda, o Serviço de Ação contra Minas da ONU (UNMAS) tem emitido apelos cada vez mais urgentes à comunidade internacional para remover resíduos explosivos de guerra.
A ONU está atualmente liderando esforços para tornar as áreas seguras para o regresso dos palestinos a Khan Younis, no sul de Gaza, após a retirada das tropas israelenses no mês passado. As medidas incluem avaliações de danos em instalações pertencentes à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) e o mapeamento de áreas de alto risco contendo estilhaços e munições não detonadas.
As Nações Unidas prevê que a reconstrução da Faixa de Gaza custará entre 30 e 40 bilhões de dólares. Isso por que, ainda de acordo com a entidade internacional, a “escala da destruição é enorme e sem precedentes” e “é uma missão que a comunidade internacional não enfrenta desde a Segunda Guerra Mundial”.
Segundo estimativas reportadas por Abdallah al-Dardari, diretor do escritório regional dos Estados Árabes da agência, “72% de todos os edifícios residenciais foram total ou parcialmente destruídos”, e a reconstrução deve ser “cuidadosamente planejada, eficiente e extremamente flexível, porque não sabemos como a guerra terminará” e que tipo de governo será estabelecido na Faixa de Gaza.
O ‘pesadelo’ tem que acabar
Já a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou que o “pesadelo” deve acabar. Catherine Russell disse que quase todas as 600 mil crianças agora abrigadas na cidade de Rafah, na fronteira sul, estão “feridas, doentes ou desnutridas”.
Em meio a temores cada vez maiores de uma operação militar israelense em grande escala em Rafah, ela lembrou que os mais de 200 dias de guerra “já mataram e mutilaram dezenas de milhares de crianças em Gaza”.
Segundo as autoridades de saúde de Gaza, desde 7 de outubro, pelo menos 34.560 palestinos foram mortos e 77.765 feridos.
(*) Com ONU News e Ansa.