Quinta-feira, 12 de junho de 2025
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A Colômbia apresentou à Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada na cidade holandesa de Haia, uma declaração para que permita que o país intervenha no processo da África do Sul que acusa Israel por cometer genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza. 

No documento enviado nesta sexta-feira (05/04), o governo colombiano, integrante da Convenção sobre Genocídio, se dispôs a “ajudar a Corte a interpretar as disposições da Convenção em questão”, pedindo ao mais alto tribunal das Nações Unidas (ONU) para que garanta “a segurança e, de fato, a própria existência do povo palestino”. 

“O Governo da Colômbia apresenta esta Declaração de Intervenção com a crença genuína de que os Estados Partes na Convenção sobre Genocídio devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para contribuir e garantir a prevenção da repressão e punição do genocídio e, portanto, para auxiliar a Corte na determinação da responsabilidade de qualquer Estado Parte da Convenção, pelo seu descumprimento das obrigações nela contidas, especialmente no contexto de uma situação tão dramática como a que se desenrola na Faixa de Gaza”, afirma o documento.

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O presidente colombiano, Gustavo Petro, é um dos principais chefes de Estado que tem se posicionado crítico à conduta do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Desde o início do agravamento da guerra contra os palestinos, em 7 de outubro de 2023, o mandatário tem denunciado “pública e repetidamente”, como destaca o documento, contra “a natureza genocida das ações de Israel” em Gaza.

“O objetivo final da Colômbia neste esforço é garantir a proteção urgente e mais completa possível para os palestinos em Gaza, populações particularmente vulneráveis, como mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos”, explica o governo.

Além das mais de 33 mil mortes contabilizadas pelo Ministério da Saúde palestino, o texto ainda denuncia “a intenção das autoridades” de Tel Aviv, afirmando que nela se inclui o projeto de limpeza étnica, danos físicos e psicológicos, eliminação de espaços sociais e residenciais, de instalações de saúde e meios de subsistência, e até mesmo dificultação da entrega de ajuda humanitária na região.

“A Colômbia reitera o seu apelo a que outros Estados Partes na Convenção de 1948 se juntem a este procedimento”, informou o Ministério das Relações Exteriores colombiano, em comunicado oficial.

A CIJ pode permitir que os países intervenham e deem seus pontos de vista. Várias nações declararam que também tentarão intervir no caso, mas até agora apenas Colômbia e Nicarágua entraram com pedido público.

Flickr/Gustavo Petro
Colômbia solicita à Corte Internacional da Justiça intervenção do país no processo sul-africano e pede ao tribunal que garanta ‘a segurança e, de fato, a própria existência do povo palestino’
CIJ determinou que Israel evite genocídio

Na semana passada, os juízes da CIJ, pela segunda vez, ordenaram que Israel tomasse todas as medidas necessárias e eficazes para garantir que os suprimentos básicos, como alimentos, chegassem sem demora aos palestinos que estão em uma “situação catastrófica” em Gaza.

Enquanto em janeiro, pela primeira vez, o tribunal decidiu sobre o processo apresentado pela África do Sul, reconhecendo que Israel está cometendo crime de genocídio no enclave palestino.

Embora não tenha falado em cessar-fogo, na ocasião, o organismo também exigiu que as autoridades de Tel Aviv adotassem “medidas imediatas e eficazes” para permitir o acesso de assistência humanitária a Gaza, prometendo punir qualquer incitamento ao genocídio contra civis palestinos.

No entanto, a decisão foi rechaçada por Netanyahu, que respondeu que “ninguém” impediria as operações de Israel, “nem Haia, nem o eixo do mal”.

(*) Com The Times of Israel e El Espectador