Colômbia retomará as relações diplomáticas com Israel somente em caso do cessar-fogo na Faixa de Gaza seja respeitado, foi o que afirmou a Opera Mundi a senadora colombiana Clara López Obregón, membro da coalizão governamental Pacto Histórico, nesta quinta-feira (20/06).
Segundo ela, Bogotá reestabelecerá a diplomacia com o Estado israelense, governo pelo direitista Benjamin Netanyahu, “a medida que Tel Aviv cumpra o Direito Internacional Humanitário”.
A guerra de Israel em Gaza já dura oito meses com constantes ataques e bombardeios que deixaram mais de 36 mil mortos e milhares de feridos. A decisão de romper relações partiu do presidente colombiano Gustavo Petro durante evento no Dia do Trabalhador, em 1º de maio. Bogotá, inclusive, anunciou a abertura de uma embaixada no território da Palestina.
Obregón conversou com Opera Mundi no âmbito do Festival de Ideias que acontece na Universidade de Campinas (Unicamp), em São Paulo. A senadora esteve no painel “Poder dos trabalhadores em uma nova ordem internacional”.
Questionada sobre tal possibilidade reestabelecer a diplomacia, a senadora apontou ainda outra exigência para que o diálogo entre os dois países aconteça: a solução de dois Estados. “Mas não dois Estados em um apartheid, mas em uma paz verdadeira”.
Caso essas condições sejam cumpridas, “tenho certeza que o governo colombiano restabelecerá relações diplomáticas com esse país com o qual temos uma tradição de boas relações”, concluiu.
Reforma da Previdência
Ainda a Opera Mundi, Obregón falou sobre a aprovação da Reforma da Previdência, proposta pelo presidente Petro, pela Câmara dos Deputados do país na última sexta-feira (14/06).
Após uma votação que resultou em 86 votos favoráveis e 32 contra, ela classificou o processo legislativo como “tortuoso” por ter sofrido “muitos impedimentos e trapaças por parte da oposição”.
Segundo a senadora, os ataques sofridos pelo projeto, que deve beneficiar camadas menos privilegiadas da sociedade, não foram feitos por meio da “deliberação democrática, mas para sabotar o progresso da reforma”.
Mesmo após a aprovação e o próximo passo ser a sanção presidencial, a lei ainda é alvo oposicionista, denunciou. “Agora eles estão furiosos, dizendo que vão processá-la perante o Tribunal Constitucional porque não houve discussão o suficiente. Mas essas questões de reforma são discutidas até a exaustão”, contra-argumentou.
De acordo com Obregón, a direita colombiana toma esse posicionamento porque “não concordam que, em vez de as aposentadorias serem administradas por fundos privados e as economias dos trabalhadores estarem nas mãos dos empregadores, estarão nas mãos do governo para administrar esse sistema de seguridade social”.
Como uma das reformas populares propostas pelo governo Petro, a nova lei deve “garantir a velhice dos membros mais vulneráveis da população, como todos os idosos que nunca foram aposentados”, explicou a senadora.