Após o governo de Israel confirmar nesta sexta-feira (17/01) que cumprirá o acordo de cessar-fogo com o Hamas anunciado oficialmente há dois dias, o debate a respeito do tema passou a se centrar nos detalhes a respeito do documento e no cronograma que deverá ser cumprido a partir do início da trégua, previsto para o próximo domingo (19/01).
O planejamento anunciado neste primeiro momento do acordo prevê três fases, sendo que as duas primeiras devem duras 42 dias cada uma.
Primeira fase do acordo
Esta primeira etapa consiste na suspensão temporária das hostilidades, baseada na cessação das operações militares por ambos os lados. O texto do acordo diz que as forças israelenses devem se retirar das áreas povoadas da Faixa de Gaza, passando a ocupar uma zona ao longo da fronteira.
Serão impostas algumas restrições de atividades na aérea onde se aplicará o cessar-fogo, como a suspensão temporária das operações aéreas militares e de reconhecimento em Gaza por 10 horas diárias, que será estendida para 12 horas nos dias em que reféns e prisioneiros forem libertados.
O acordo prevê uma agenda na qual o “Dia 1” seria o próximo domingo (19 de janeiro). No Dia 7 (25 de janeiro), deve ocorrer a libertação de sete prisioneiros palestinos, e após confirmado esse intercâmbio as forças israelenses terão que se retirar completamente da Rua Al-Rashid para o leste, para a Rua Salah Al-Din, desmantelando todas as posições militares. Então, as pessoas deslocadas para outras regiões de Gaza retornarão para suas casas sem armas, e a ajuda humanitária deverá fluir livremente pela Rua Al-Rashid. Os feridos devem ser evacuados para seu tratamento no exterior.
A partir do dia 22 (10 de fevereiro), as forças israelenses deverão se retirar do centro de Gaza (Eixo Netzarim e Praça Kuwait) para áreas mais próximas da fronteira, desmantelando posições militares.
Com respeito à ajuda humanitária, o acordo afirma que Israel deve permitir a entrada de 600 caminhões com suprimentos e insumos básicos, dos quais pelo menos 50 deverão ser de combustíveis para geração de energia necessária para a remoção de entulho e operação de hospitais, clínicas e estabelecimentos comerciais.
Sobre a troca de reféns e prisioneiros, nesta primeira fase, o Hamas se comprometeu a libertar 33 reféns israelenses. Por sua parte, Israel disse que irá libertar todas as mulheres e crianças palestinas menores de 19 anos detidas desde 7 de outubro de 2023. Também se estabeleceu que os prisioneiros palestinos libertados não podem ser presos novamente pelas mesmas acusações ou forçados a assinar condições de libertação.
A continuidade do cronograma de intercâmbio de prisioneiros será determinada pelo comprimento de cada um dos compromissos estabelecidos diariamente durante esta etapa.

Terceira fase do acordo de cessar-fogo entre Hamas e Israel prevê início dos trabalhos de reconstrução da Faixa de Gaza
Segunda fase do acordo
Na segunda fase do acordo, que deveria ter início na primeira semana de março, Israel e Hamas deverão colocar em prática a parte final do cronograma de intercâmbio de prisioneiros, cujas condições ainda deverão ser negociadas.
Por essa razão, a agenda da primeira fase do acordo fixa para o Dia 16 (4 de fevereiro) a data de início das negociações sobre os termos dessa segunda fase, considerando o objetivo de que todos os prisioneiros de ambos os lados sejam libertados até o final dessa etapa intermediária.
Um dos pontos delicados dessa negociação será o tema do intercâmbio de corpos de indivíduos falecidos, uma vez identificados.
O texto recomenda a confirmação dos termos da segunda fase até, no máximo, a Semana 5 (a penúltima) da primeira fase do acordo.
A segunda fase deverá terminar com o retiro total das forças militares israelenses da região da Faixa de Gaza.
Terceira fase do acordo
A última etapa teria seu início em meados de abril e seus termos devem ser negociados no transcorrer das duas primeiras, sempre sob mediação de Egito, Catar e Estados Unidos.
Está prevista para esta etapa a realização de um plano abrangente de reconstrução de Gaza, que seria desenvolvido ao longo de ao menos três anos, incluindo a reconstrução de casas e infraestrutura básica. Também será debatida a possibilidade de uma compensação financeira às famílias que tiveram suas moradias destruídas.
Os trabalhos de reconstrução deverão ser organizados e supervisionados por autoridades do Egito e do Catar, além de representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com informações de Al Jazeera e The Guardian.