Conselheiro de Trump assume comando da Fundação Humanitária para Gaza
Evangélico Johnnie Moore irá liderar entidade que sofre pressão após ataques contra palestinos nos centros de ajuda que administra
A Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada pelos governos dos Estados Unidos e de Israel, nomeou o líder evangélico Johnnie Moore como seu novo presidente.
Conselheiro de Donald Trump para assuntos inter-religiosos e membro da Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional, Moore assume o cargo após a renúncia de Jake Wood, ex-fuzileiro naval dos EUA. Wood declarou que não poderia garantir a independência da fundação em relação aos interesses israelenses.
A nomeação ocorre em meio às acusações contra a entidade de ser uma fachada a serviço de Israel, em seu genocídio contra a população palestina. Os recentes ataques israelenses, que mataram 50 palestinos nos últimos três dias nos centros de ajuda humanitária comandado pela entidade, corroboram as denúncias.
Os ataques acontecem desde o segundo dia do início da distribuição de alimentos, em 27 de maio, quando 50 pessoas ficaram feridas e três morreram, após soldados israelenses abrirem fogo contra palestinos em filas de distribuição de alimentos.

Reprodução/ @JohnnieM
Sucessão de ataques
Ontem (03/06), 27 pessoas foram mortas e 200 ficaram feridas no centro de ajuda administrado pela GHF, em Rafah. O Alto Comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou que os ataques de Israel contra civis na Faixa de Gaza violam o direito internacional e constituem crimes de guerra.
Na segunda-feira (02/03) foram registradas três mortes e no domingo (01/02), 31 palestinos foram assassinados enquanto buscavam alimentos. A sucessão de ataques israelenses levou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, a pedir uma investigação “imediata e independente”.
A pressão internacional aumenta a crise institucional da entidade, que já perdeu apoio da Boston Consulting Group (BCG). Apesar das evidências, seu novo presidente afirmou na plataforma X, que os relatos de mortes de palestinos durante a distribuição de ajuda era uma “mentira… espalhada por terroristas”.
Moore também disse que a GHF entregou “7 milhões de refeições em apenas 8 dias, em uma das crises humanitárias mais complexas e perigosas da atualidade”. Nesta quarta-feira (04/06), a GHF suspendeu a distribuição de alimentos, alegando que irá discutir o reforço da segurança com as Forças de Defesa de Israel (IDF).
Financiadores
Em artigo publicado no portal The Grayzone e traduzido no site da Fepal, Max Blumenthal e Wyatt Reed trazem denúncias de altos legisladores israelenses que apontam o Mossad como o grande financiador da GHF. Segundo eles, a entidade estaria sendo instrumentalizada como parte de um plano para forçar a população palestina a se concentrar em centros descritos como semelhantes a campos de concentração.
Fundada recentemente na Suíça, a GHF seria, segundo as denúncias, uma fachada para empresas de segurança privada usadas por Israel para substituir o papel tradicionalmente exercido pelas Nações Unidas na ajuda humanitária. Ainda não se sabe publicamente quem financia essas operações, apontam.
A GHF declarou ter garantido US$ 100 milhões de um doador anônimo, mas o político de direita Avigdor Lieberman afirmou na plataforma X, que o financiamento vem diretamente do Mossad e do Ministério da Defesa de Israel, acusando o governo de usar recursos públicos israelenses para essas ações secretas.
As revelações sugerem que Israel estaria utilizando sua estrutura militar e de inteligência para executar um plano de limpeza étnica em Gaza, sob o disfarce de ajuda humanitária, aponta os autores no artigo.
