A campanha ‘Abandon Biden’ (“Abandone o Biden”), coordenada por ativistas pró-Palestina que durante meses trabalharam em estados-chave para afastar os eleitores norte-americanos do presidente Joe Biden, quando ainda era cotado à candidatura pela Casa Branca, relançou seu movimento nesta segunda-feira (19/08).
Renomeada ‘Abandon Harris’ (“Abandone a Harris”), a nova campanha foi anunciada junto com o início da Convenção Nacional Democrata (DNC, por sua sigla em inglês), em Chicago, e segue com o mesmo objetivo: alertar a população sobre a cumplicidade das lideranças democratas, em especial a candidata presidencial Kamala Harris, a Israel na guerra em Gaza, que hoje resulta na morte de mais de 40 mil palestinos.
“Em termos de estratégia eleitoral, no mínimo, pedimos ao povo norte-americano que se certifique de nunca votar no genocídio ou em Kamala Harris”, afirmou Hassan Abdel Salam, fundador do movimento, ao portal Middle East Eye (MEE). Segundo ele, é necessário levar “a mensagem de que ela [Kamala] é uma genocida e que, moralmente, nunca poderemos apoiá-la”.
Os organizadores da campanha estavam deliberando sobre a melhor estratégia eleitoral depois que Biden, apelidado pelo grupo de “Genocide Joe” (“Joe genocida”) em decorrência de suas políticas favoráveis a Israel, desistiu de sua candidatura em julho, cedido à pressão de seu próprio partido.
No entanto, Abdel Salam deixa claro que os ativistas estão considerando endossar outros candidatos presidenciais porque “quase todos os líderes do ‘Abandon Harris’ consideram Donald Trump (Partido Republicano) desprezível”.
Na Convenção Democrata, que ocorre entre esta segunda e quinta-feira (22/08), Kamala receberá oficialmente a indicação presidencial de sua sigla. De acordo com o MEE, dezenas de milhares de manifestantes pró-Palestina se mobilizaram em Chicago para denunciar o apoio do Partido Democrata ao genocídio em Gaza.
“Realmente não há interesse no que está acontecendo em Gaza, além de banalidades sem sentido. [Harris] dizendo que Israel tem o direito de se defender depois de 10, 11 meses do que podemos ver é simplesmente um endosso ao genocídio em Gaza “, disse Hudhayfah Ahmad, diretor de comunicações de ‘Abandon Harris’.
“Quando você leva isso em consideração, você entende exatamente que tipo de candidata Kamala Harris é. Eu acredito que ela não deu importância em suas falas sobre Gaza porque acha que pode vencer [as eleições] sem abordar o tema”, acrescentou.
A campanha ‘Abandon Biden’ foi lançada em dezembro de 2023 por vários líderes muçulmanos norte-americanos e organizadores comunitários, diante das sucessivas omissões do presidente frente às possibilidades de pedir um cessar-fogo em Gaza.
No dia seguinte ao anúncio de que Biden não disputaria a corrida presidencial, em 22 de julho, os ativistas pró-Palestina declararam durante uma conferência de imprensa, em Washington, que realizariam um apelo aberto a Kamala, exigindo que a vice aceitasse um cessar-fogo incondicional e permanente no enclave, além do embargo total de recursos bélicos a Israel. No entanto, segundo o movimento, isso foi negado.
Em 7 de agosto, durante um comício em Detroit, um grupo de manifestantes pró-Palestina cantaram: “Kamala, Kamala, você não pode se esconder! Não votaremos pelo genocídio!”. Em resposta, a candidata disse: “Quer saber? Se você quer que Donald Trump ganhe, diga isso. Caso contrário, estou falando.”