O gabinete de segurança de Israel discute em Doha, nesta segunda-feira (17/02), sobre a manutenção da segunda fase do cessar-fogo com o Hamas, prevista para ser colocada em vigor no início de março. Uma das prioridades é permitir a entrada de cerca de 60 mil casas pré-fabricadas e material de terraplanagem na Faixa de Gaza, que permitirá a retirada dos escombros como resultado dos 16 meses de ataques israelenses na área.
Enquanto isso, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio cumpre agenda na Arábia Saudita no âmbito de sua viagem ao Oriente Médio.
No dia anterior, o principal diplomata dos Estados Unidos teve uma reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Tel Aviv, onde voltou a ressaltar que “o Hamas não pode continuar como uma força militar ou governamental”, defendendo a “eliminação” do grupo palestino.
Por sua vez, o premiê do regime sionista afirmou que Israel e os EUA compartilham de “uma estratégia em comum” e ameaçou que “os portões do inferno serão abertos” se todos os prisioneiros israelenses mantidos em Gaza não forem libertados. Acrescentou ainda que “terminaria o trabalho” com o Irã, aliado do movimento palestino, em um comentário que foi criticado por Teerã nesta segunda-feira.
“Ameaçar os outros países é uma violação flagrante do direito internacional e da Carta das Nações Unidas”, destacou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baghai, à imprensa.
Até o momento, 19 israelenses foram libertados pelo Hamas como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor em 19 de janeiro. No sábado, o grupo libertou três reféns israelenses, enquanto Tel Aviv, 369 palestinos.
As negociações referentes à segunda etapa da tratativa visam libertar os prisioneiros restantes, além da retirada gradual e total das tropas israelenses do território palestino.
Já a terceira e última fase será dedicada à reconstrução do enclave. Para isso, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que serão necessários mais de US$ 53 bilhões (R$ 303 bilhões na cotação atual).

Benjamin Netanyahu reiterou que no cenário pós-guerra em Gaza, “nem o Hamas nem a Autoridade Palestina estarão lá” e acrescentou que está “comprometido com o plano do presidente [dos EUA] [Donald] Trump de criar uma Gaza diferente”
Contra a limpeza étnica de Gaza
A Arábia Saudita sediará nesta quinta-feira (20/02) uma cúpula de cinco países árabes para elaborar uma resposta à proposta de Trump de deslocar os 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza e torná-la um destino turístico luxuoso, uma “Riviera do Oriente Médio”. A ideia do presidente norte-americano teve apoio de Israel, mas foi criticada pela comunidade internacional e acusada de “limpeza étnica” pela ONU.
O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, assegurou, neste domingo (16/02), que estabelecer um Estado palestino é “a única garantia” de uma paz duradoura no Oriente Médio.
Entretanto, nesta segunda-feira, Netanyahu reiterou que no cenário pós-guerra em Gaza, “nem o Hamas nem a Autoridade Palestina estarão lá”, de acordo com o jornal The Times of Israel. O primeiro-ministro israelense acrescentou que está “comprometido com o plano do presidente [dos EUA] [Donald] Trump de criar uma Gaza diferente”.
(*) Com RFI