O filme israelo-palestino No Other Land, que expõe as agressões da ocupação de Israel e limpeza étnica na Cisjordânia ocupada, foi indicado ao Oscar 2025 para a categoria de Melhor Documentário nesta quinta-feira (23/01), mesmo sem ter um acordo de distribuição nos Estados Unidos, os maiores financiadores de guerra do regime sionista.
Dirigida por Hamdan Ballal e Rachel Szora, além dos jornalistas palestino Basel Adra e israelense Yuval Abraham, a obra é composta de imagens que datam da infância de Adra. O filme oferece uma visão da vida dos palestinos nos vilarejos em Masafer Yatta, os quais vivem sob constante ameaça e medo de expulsão de suas casas pelas forças israelenses. O longa acontece poucos dias depois que um cessar-fogo entrou em vigor na Faixa de Gaza.
Destaca-se também como o pai de Adra luta contra soldados e colonos israelenses para impedir a apropriação das terras palestinas, enquanto Abraham, com quem faz amizade, desfruta de liberdade e segurança.
Mencionado na maior premiação do cinema, No Other Land já havia sido condecorado anteriormente em diversas premiações, como no Festival de Documentários de Amsterdão, Visions du Réel, Sheffield DocFest e no recente European Film Awards. Quando ganhou o Prêmio de Melhor Documentário no 74º Festival Internacional de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2024, Adra e Abraham aproveitaram o momento de discurso para condenar a ocupação do regime sionista na Palestina.
“Sou livre para me mudar para onde quiser nesta terra, mas Basel, como milhões de palestinos, está presa na Cisjordânia ocupada. Essa situação de apartheid entre nós, essa desigualdade, tem que acabar”, disse Abraham.

O filme No Other Land, que expõe as agressões da ocupação de Israel e limpeza étnica na Cisjordânia ocupada, foi indicado ao Oscar 2025 para a categoria de Melhor Documentário
Na época, após o posicionamento, a dupla foi perseguida por políticos alemães e acusada de “tendências antissemitas” no país.
Em novembro, ao portal Middle East Eye (MEE), o jornalista israelense afirmou que a repressão da Alemanha ao comportamento pró-Palestina estava tornando proporções e aumentando também a perseguição contra judeus e israelenses que defendem o fim da guerra em Gaza.
A cerimônia do Oscar 2025 ocorrerá em 2 de março.
Região retratada por filme é atacada
Pouco depois da indicação ao Oscar, as forças israelenses invadiram o vilarejo de Basel Adra, em Masafer Yatta, na Cisjordânia ocupada, onde se passa o filme, alegando “fazer buscas” na região. O documentário retrata justamente a agressão do regime sionista no território palestino, o apartheid e o processo de limpeza étnica.
De acordo com a emissora Al Jazeera, na primeira semana de janeiro, o exército de Israel havia informado sobre seus planos iminentes de deslocar à força mais de mil residentes palestinos, incluindo cerca de 500 crianças, em Masafer Yatta.
De acordo com a organização israelense de direitos humanos B’tselem, Israel havia oferecido aos residentes “locais alternativos” para morar.
“A transferência forçada de pessoas protegidas em território ocupado é um crime de guerra. É uma ameaça violenta que deixa os moradores sem escolha”, comentou a entidade.