O ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty, anunciou nesta terça-feira (20/08) que o Cairo sediará uma nova rodada de negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza entre esta quinta-feira (22/08) e sexta (23/08).
A informação foi confirmada pelo chanceler egípcio durante entrevista à emissora britânica Sky News. As tratativas darão sequência às conversas realizadas na semana passada em Doha, no Catar, mas que acabaram sem acordo após Israel e o grupo palestino Hamas não chegarem a um consenso.
Os dois países árabes, junto aos Estados Unidos, um dos maiores aliados do governo israelense, exercem o papel de mediadores nas negociações. Na sexta-feira passada (16/08), as três nações emitiram um comunicado conjunto, prometendo que seguiriam trabalhando na proposta pelos próximos dias.
Blinken e Abdelatty
Ainda nesta terça-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e o chanceler egípcio discutiram as relações bilaterais entre seus países e os esforços conjuntos para pôr fim à guerra em Gaza. A conversa ocorreu na cidade egípcia de el-Alamein.
Para Abdelatty, o avanço das negociações depende de Israel. De acordo com uma nota do Ministério das Relações Exteriores do Egito, o chanceler expressou esperança de que a atual rodada “testemunhe um sincero desejo político israelense de parar a guerra em Gaza”, que ele disse ser “a única maneira não apenas de acabar com o sofrimento humanitário na Faixa de Gaza, mas também de evitar que a situação regional se agrave de uma forma que ameace a estabilidade” de todo o Oriente Médio.
O chanceler destacou que a paz e a estabilidade regional só podem ser alcançadas por meio de uma solução permanente e justa para a causa palestina, com base no estabelecimento de um Estado palestino independente, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
Obstáculos
De acordo com familiares de reféns israelenses que encontraram Benjamin Netanyahu nesta terça-feira, o primeiro-ministro de Israel admitiu não ter certeza de que haverá um acordo de cessar-fogo consolidado nos próximos dias.
“Se houver acordo, os combates em Gaza serão retomados após 42 dias, até a eliminação do Hamas”, insistiu, segundo as fontes.
A proposta em questão seria implementada em três fases, prevendo um cessar-fogo total, a libertação de reféns israelenses e a soltura de prisioneiros palestinos detidos em Israel, bem como a retirada das tropas invasoras do enclave e investimentos para a reconstrução da área, onde mais de 40 mil pessoas já morreram desde 7 de outubro de 2023.
As principais divergências, no entanto, dizem respeito ao controle dos corredores Filadélfia, entre Gaza e Egito, e Netzarim, que atravessa o centro do enclave a partir da divisa com Israel até o Mar Mediterrâneo.
(*) Com Ansa