O governo do Egito anunciou que está desenvolvendo um plano para a reconstrução da Faixa de Gaza sem forçar a saída dos palestinos do enclave, segundo informa o jornal egípcio Al-Alhram.
A ideia é criar “áreas seguras” dentro do enclave onde os cerca de 2 milhões de palestinos possam viver provisoriamente enquanto empresas egípcias e internacionais removem o entulho e reabilitam a infraestrutura da região.
Segundo o canal de televisão Al Arabiya, a primeira fase do plano egípcio para Gaza se concentra na recuperação da infraestrutura vital básica, com entrega de ajuda humanitária e revitalização da economia local para restaurar condições mínimas de vida.
Depois disso, viria a reconstrução em larga escala. O texto da proposta afirma que seria utilizada mão de obra local em todas as fases, para gerar emprego e renda para os palestinos.
A emissora apontou que o governo do Egito está estudando fontes de financiamento e tem uma reunião de cúpula de emergência programada para discutir seu plano de emergência com os demais países árabes no começo de março.
Com isso, o Egito pretende formular uma posição árabe unificada e sólida para a Palestina para se contrapor às recentes propostas do presidente norte-americano Donald Trump.
O presidente egípcio Abdul Fattah al-Sisi, que encabeçou a iniciativa de elaborar o plano árabe de reconstrução de Gaza, reafirmou que uma paz duradoura na região exige o estabelecimento de um Estado palestino independente com as fronteiras de junho de 1967, que tenha Jerusalém Oriental como sua capital.
Projeto contra o plano neocolonialista de Trump
Trump propôs que toda a população de Gaza fosse retirada e que ele se apropriasse do enclave para transformá-lo em um empreendimento turístico internacional.
A proposta gerou indignação internacional, sobretudo no mundo árabe, e só foi aplaudida por Israel. Inúmeros países, inclusive o Brasil, manifestaram seu repúdio, além das Nações Unidas e da União Europeia.
Os países árabes afirmaram a urgência de se reconstruir Gaza com seus moradores, assim como a necessidade de se criar um Estado palestino.
Mesmo entre a comunidade judaica houve manifestações de indignação em relação ao plano de Trump. Na quinta feira passada (13/02), mais de 350 rabinos, junto com ativistas, assinaram um documento no New York Times condenando a sugestão do presidente, que eles descreveram como “limpeza étnica”.

Governo egípcio encabeça plano de reconstrução em Gaza
Incerteza sobre a próxima fase do cessar-fogo
Enquanto o mundo árabe se mobiliza para a reconstrução da Palestina, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou que seu país está “comprometido” com o plano de Trump.
A reunião do gabinete de Segurança de Netanyahu, realizada nessa segunda-feira (17/02), durou cinco horas e terminou sem que seus ministros tivessem conseguido fechar uma posição sobre a segunda etapa do cessar-fogo em Gaza, que deveria ter começado dia 3 de fevereiro.
Vale lembrar que a ala mais à direita da coalizão declarou desde o início das negociações de paz que só aceitaria o cessar-fogo se a guerra fosse retomada após a primeira fase em que devem ser entregues todos os reféns.
Apesar disso, o ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, disse que Israel iniciará esta semana as negociações da segunda fase do acordo em Doha.
Ele frisou, entretanto, que Israel exige a “desmilitarização completa de Gaza” e que não aceitaria “a presença contínua do Hamas ou de quaisquer outros grupos terroristas” nos territórios palestinos.
Com informações de Al-Alhram.