Quinta-feira, 24 de abril de 2025
APOIE
Menu

A família do cidadão brasileiro-palestino, Walid Khaled Abdullah Ahmed, de 17 anos, que estava sob custódia de Israel desde 30 de setembro de 2024, sem acusações, e morreu dentro da prisão de Megiddo, na Cisjordânia ocupada, pronunciou-se pela primeira vez à imprensa nesta terça-feira (01/04). 

À agência de notícias Associated Press (AP), o pai Khalid Ahmad, que tem descendência brasileira, afirmou que o jovem era “um estudante do ensino médio saudável” antes de ser preso pelas autoridades do regime sionista por supostamente ter atirado pedras em soldados israelenses.

“Ele era um adolescente animado que gostava de jogar futebol antes de ser tirado de casa”, disse seu pai. Ele ainda relatou que, durante as quatro aparições de Walid em audiências no tribunal, conduzidas por videoconferência, seu filho aparentava estar com problemas de saúde.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

Ahmad afirmou acreditar que, devido às más condições sanitárias da detenção, Walid teria contraído amebíase, uma infecção que causa diarreia, vômitos e tonturas e pode ser fatal se não for tratada.

“Seu corpo estava enfraquecido devido à desnutrição nas prisões em geral”, afirmou, lembrando, no entanto, que em uma das ocasiões, Walid o tentou acalmar pedindo que “não se preocupe comigo”.

De acordo com o advogado da família, Firas al-Jabrini, as autoridades israelenses negaram os pedidos solicitados pela defesa para visitar seu cliente na prisão. À AP, informou que três prisioneiros mantidos ao lado de Walid confirmaram que o jovem estava com sintomas de amebíase, algo que era comum entre os palestinos detidos pelo regime sionista.

Já o porta-voz da comissão de detentos da Autoridade Palestina, Thaer Shriteh, relatou à agência de notícias que o adolescente teria desmaiado e batido a cabeça em uma haste de metal, perdendo, assim, a consciência.

“A administração prisional não respondeu aos pedidos dos prisioneiros de atendimento urgente para salvar sua vida”, disse, ao denunciar negligência médica, citando testemunhas que falaram com a comissão.

Desde a intensificação das operações militares de Israel nos territórios palestinos, em outubro de 2023, mais de 14 mil habitantes da Cisjordânia ocupada foram detidos pelo exército israelense, conforme o jornal britânico The Guardian, sendo a maioria mantida em detenções administrativas, ou seja, onde autorizam a prisão preventiva com base em evidências não divulgadas. 

De acordo com a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), que condenou o assassinato de Walid e cobrou o governo brasileiro a romper todos os laços com Israel, a prisão de Meggido é uma unidade carcerária denunciada por organizações internacionais por práticas de tortura, incluindo choques elétricos, espancamentos, privação de alimentos e até ataques com cães.

Reprodução/FEPAL
O brasileiro-palestino Walid Khaled Abdallah, de 17 anos, assassinado na prisão israelense de Meggido

Morte de menores palestinos

Nesta terça-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) relatou que ao menos 322 crianças palestinas foram assassinadas com a retomada dos ataques de Israel na Faixa de Gaza, em 18 de março. Os dados atualizados incluem as vítimas no bombardeio que atingiu o departamento cirúrgico do Hospital Al Nasser, no sul do enclave, em 23 de março.

Em comunicado, o Unicef alertou que após Tel Aviv violar o acordo de cessar-fogo estabelecido com o Hamas, os menores de idade que residem no enclave têm sido alvo “mais uma vez de um ciclo de violência mortal e privação”.

“Todas as partes devem respeitar as próprias obrigações em termos de direitos humanos internacionais para proteger os menores”, declarou a diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell.

Segundo a instituição,  desde 7 de outubro de 2023, mais de 15 mil crianças morreram em ataques israelenses, enquanto mais de 34 mil ficaram feridas e quase um milhão de menores têm sido repetidamente deslocados e privados de recursos básicos.

Por fim, o Unicef pediu que Israel permita o ingresso de ajuda humanitária a Gaza, cujo bloqueio pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se estende desde 2 de março.

(*) Com Ansa