Terça-feira, 13 de maio de 2025
APOIE
Menu

A Espanha desistiu unilateralmente de um contrato para comprar armas israelenses em um pedido que envolvia a aquisição de munições da empresa IMI Systems no valor de 6,8 milhões de euros, segundo uma autoridade do governo mencionada pela agência AFP nesta quinta-feira (24/04). 

De acordo com a fonte, a decisão foi tomada em uma tentativa de conter a crise interna que se instaurou após o partido de coalizão de extrema esquerda, Sumar, denunciar a tratativa como uma “violação flagrante” do compromisso que a nação tem de cortar os laços comerciais com Israel no âmbito do massacre na Faixa de Gaza. Crítica de longa data das políticas de Israel nos territórios palestinos ocupados, Madri afirma manter um embargo à compra ou venda de dispositivos bélicos de Tel Aviv desde 2023.

A vice-primeira-ministra Yolanda Diaz, da respectiva sigla progressista, exigiu o cancelamento imediato do contrato ao citar preocupações humanitárias. Após negociações sobre o assunto, o premiê socialista Pedro Sánchez, que dias atrás confirmou o acordo no site de licitações do governo, cedeu à pressão e, juntamente com Diaz e os ministérios relevantes, concordou em cancelar a compra.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

“Os partidos que compõem o governo de coalizão progressista estão firmemente comprometidos com a causa palestina e com a paz no Oriente Médio”, disseram as fontes do governo. “É por isso que a Espanha não comprará armas nem venderá armas para empresas israelenses.”

Na quarta-feira (23/04), foi revelado que o Ministério do Interior da Espanha queria que a encomenda de cartuchos de 15,3 milhões de munições de 9 mm da IMI Systems, realizada em outubro passado, fosse adiante porque o contrato estava em estágio avançado e pagaria-se um preço caro para ser cancelado, conforme a avaliação de especialistas jurídicos. A pasta ainda sustentou que a compra tinha como objetivo fortalecer a Guarda Civil nacional, sendo ela necessária para que as forças espanholas cumpram suas funções.

Dada a natureza unilateral da anulação do contrato, é possível que Madri tenha que pagar o valor integral pelo qual concordou em comprar as balas, mesmo sem recebê-las.

A Espanha desistiu de um contrato para comprar armas israelenses da empresa IMI Systems no valor de 6,8 milhões de euros
X/צבא ההגנה לישראל

A notícia de que o contrato estava em andamento foi repudiada pela Sumar. Por sua vez, o coordenador-geral do partido Esquerda Unida dentro da Sumar, Antonio Maíllo, classificou a situação como sendo a “maior crise” que o executivo enfrentou desde que assumiu o cargo, em 2023. Ele ainda ressaltou que os membros da sigla não tolerarão “qualquer parte do executivo financiando um Estado genocida”.

O governo da Espanha entrou em turbulência no início desta semana após o anúncio de Sánchez de que aumentaria os gastos nacionais com defesa para 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, o que segundo o porta norte-americano Politico, provocou protestos da Sumar e de aliados progressistas no governo no Parlamento espanhol.

Ainda de acordo com o Politico, embora o governo espanhol alegue negar armamentos vendidos por Israel, “outros acordos parecem ter sido assinados desde 2023”. O veículo também relatou que tais contratos são para sistemas de armas essenciais produzidos exclusivamente por empresas israelenses ou contêm componentes fabricados apenas naquele país.