Imagens do bombardeio israelense à zona humanitária de al-Mawasi, em Khan Younis, no sul de Gaza, que provocou a morte de 19 palestinos em situação de refúgio e deixou mais de 60 feridos, sugerem que Israel tenha usado bombas de 2.000 libras.
A informação foi publicada pelo jornal norte-americano The New York Times nesta terça-feira (10/10), que revelou ter analisado um vídeo que registrou os destroços no acampamento de refugiados.
Os pelo menos três mísseis que atingiram a área formaram duas enormes crateras, ambas com mais de 15 metros de largura, e também deixaram um fragmento do equipamento utilizado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), vestígio que possibilitou uma forte evidência de que as lideranças israelenses tenham usado munições poderosas contra a população civil.
Ao veículo, o especialista em armas Chris Cobb-Smith, ex-oficial de artilharia do Exército britânico e diretor da agência de segurança e logística Chiron Resources, afirmou que as dimensões das crateras sugerem que se tenha usado munições de 2.000 libras.
Um segundo especialista ouvido pelo The New York Times, Trevor Ball, ex-técnico de descarte de munições explosivas do Exército norte-americano, identificou um fragmento de armas encontrado no local como “a cauda de um kit SPICE-2000”, um kit de orientação de precisão usado com bombas de 2.000 libras.
“Um fragmento é visualmente consistente com a cauda de um kit de orientação SPICE 2000, sugerindo que pelo menos uma bomba de 2.000 libras foi empregada”, disse um terceiro especialista, Patrick Senft, da empresa de consultoria Armament Research Services.
Os Estados Unidos, principal aliado de guerra, já haviam alertado Israel sobre a letalidade das bombas de 2.000 libras, podendo provocar mortes principalmente a áreas densamente povoadas em Gaza, e suspenderam a exportação do equipamento fabricado no país no início de 2024.
Por um lado, o Exército de Israel alegou ter realizado “ataques precisos” contra membros do Hamas que supostamente estavam presentes no local – afirmação que logo foi desmentida pelo próprio grupo palestino. Até agora, as forças ocupantes se recusam a informar que tipo de bombas foram usadas no local.
Em dezembro de 2023, a área alvejada em Khan Younis foi designada uma “zona humanitária”, ou seja, um local para a qual os residentes em Gaza foram instruídos a se mudar em decorrência da intensificação das operações militares israelenses.
Em fevereiro deste ano, quando as autoridades de Israel passaram a alertar sobre uma iminente invasão a Rafah, região sul do enclave, estruturas e tendas temporárias começaram a ser construídas em al-Mawasi. O plano de guerra foi executado poucos meses depois, em maio, provocando um deslocamento massivo de palestinos.