Quinta-feira, 24 de abril de 2025
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O estudante Momodou Taal, da Universidade Cornell, instado pelos agentes de imigração dos Estados Unidos a se entregar por sua participação em protestos pró-Palestina, anunciou que está deixando o país.

“Dado o que vimos nos Estados Unidos, perdi a fé de que uma decisão favorável dos tribunais garantiria minha segurança pessoal e minha capacidade de expressar minhas crenças”, afirmou no X nesta terça-feira (01/04).

Com receio de ser preso e descrente de que uma decisão judicial poderia favorecê-lo, Tall deixará o país e o doutorado em estudos africanos em Cornell, após ter o visto de estudante revogado pelos agentes federais de Imigração e Alfândega, o ICE.

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Alegando violação aos direitos de liberdade de expressão, o estudante entrou com uma ação, em 15 de março, para bloquear a execução de ordens executivas que poderiam levar à sua deportação, mas a tentativa foi negada na semana passada, pela juíza distrital Elizabeth Coombe.

Momodou Tall, obrigado a deixar os Estados Unidos por sua denúncia contra genocídio em Gaza.
@Momodou Taal

Em seus post no X, ele afirmou ter tomado a decisão de deixar os Estados Unidos, “livre e de cabeça erguida”, e alertou: “para cada pessoa que permaneceu em silêncio, saiba que você também não está seguro. A prisão daqueles que se manifestam contra um genocídio é um reflexo de seus valores? É esse o tipo de nação em que você quer viver?”

Cidadão do Reino Unido e da Gâmbia, o estudante vinha assistindo a aulas remotamente desde que foi  suspenso pela universidade por seu ativismo e participação em um protesto pró-Palestina no campus da Cornell, em 2023, solicitando à instituição que se desfizesse de suas participações em empresas que apoiam o genocídio em Gaza.

Ele é vítima de uma política de deportações em massa do governo Trump, que afirma ter revogado mais de 300 vistos e promete deportar manifestantes estrangeiros pró-palestina no país.

Ataque trumpista

Vários casos de prisão de imigrantes pró-Palestina foram registrados no mês passado. Em 8 de março, Mahmoud Khalil, estudante palestino de pós-graduação em Relações Internacionais na Universidade de Columbia, foi preso e citado, pelo próprio presidente Donald Trump, sem evidências, de apoiar o Hamas.

De uma prisão na Lousiana, em comunicado publicado no Guardian, o ativista palestino, que aguarda para daqui a oito meses a chegada de seu primeiro filho, afirmou: “Sou um prisioneiro político”.

“Minha prisão foi uma consequência direta do exercício do meu direito à liberdade de expressão, pois defendi uma Palestina livre e o fim do genocídio em Gaza, que recomeçou com força total na segunda-feira à noite”, escreveu de dentro da prisão, ao relatar que os agentes que o prenderam se recusaram a fornecer um mandado antes de forçá-lo a entrar em um carro.

Outra vítima, também em março, foi o estudante indiano Badar Khan Suri, que fazia pós-doutorado na Universidade de Georgetown. Casado com Mapheze Saleh, filha de um ex-conselheiro do Hamas, Suri morava no estado da Virgínia há quase três anos. Faltavam dois meses para ele concluir os estudos quando a polícia bateu à sua porta e colocou na prisão.

Na última terça-feira (25.03), outro caso de detenção foi noticiado: o da doutoranda turca da Universidade Tufts, Rumeysa Ozturk. Ela passou horas de horror em um carro, após ser sequestrada por policiais mascarados, em plena luz do dia em um subúrbio da área de Boston.

Ozturki está presa no centro de detenção em Basile, Lousiana. O motivo? Ter sido coautora em artigo de opinião, publicado no The Tufts Daily, pedindo o reconhecimento do genocídio palestino. Faltavam 10 meses para ela concluir o doutorado em estudo infantil e desenvolvimento humano na Tufts University.