Com a prisão de 200 manifestantes pró-Palestina nesta quinta-feira (02/05) na Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), o número de estudantes detidos nas mobilizações contra a guerra em Gaza o investimento acadêmico em Israel chegou a dois mil, segundo a contabilização da imprensa dos Estados Unidos.
O número aumentou desde que a Polícia de Nova Iorque (NYPD) invadiu o campus da Universidade de Columbia, a pedido da reitoria, e reprimiu os alunos mobilizados no Hamilton Hall na última terça-feira (30/04).
Durante a semana, as forças policiais também prenderam estudantes que protestavam em universidades do estado de Massachusetts, Oklahoma, Arizona e Texas.
Apesar do desmantelamento dos acampamentos de resistência, os coletivos organizadores da manifestação, o Estudantes de Columbia pela Justiça na Palestina e o Estudantes pela Justiça na Palestina na UCLA, não comunicaram o fim dos protestos.
O coletivo da universidade na Califórnia emitiu um comunicado na noite desta quinta-feira (02/05), afirmando que apesar da repressão, “o acampamento de solidariedade palestina continua forte”.
Precursory Statement from UCLA Palestine Solidarity Encampment: pic.twitter.com/rRyK9Wib31
— SJP at UCLA (@SJPatUCLA) May 3, 2024
“Os policiais estavam totalmente equipados com equipamento antimotim contra estudantes sem armas que criaram uma corrente humana para defender nosso acampamento do abuso sancionado pela universidade”, escreveram ao denunciar que os oficiais cometeram “a maior parte de suas brutalidades onde a imprensa não estava presente”.
“Muitos foram levados às pressas para o pronto-socorro depois que as balas atingiram suas cabeças e mãos. Diga-nos: isso é segurança? Esta universidade sempre enfatizou que todos os seus projetos foram guiados pelo ideal da segurança. Mas quem estava inseguro ontem à noite? Nós, os alunos, fomos alvos de ataques desprezíveis empregados por uma extensão tirânica e indiferente do projeto sionista”, descreveram.
Os alunos ainda ironizaram o suposto ideal da Ucla: “Segurança parece ter um novo significado, ‘administração opressiva e repressiva’ que não tem nada a ver com seus estudantes ou com as 38.000 vidas palestinas perdidas em Gaza nos últimos 200 dias”.
O coletivo ainda finalizou o comunicado afirmando que a universidade se preocupa apenas com “a segurança de seus investimentos em um sistema que lucra com o genocídio”.
Já os alunos da Universidade de Columbia realizaram na madrugada desta sexta-feira (03/05) um protesto em frente à casa da reitora Minouche Shafik.
Students at @Columbia doing a midnight primal scream—a Columbia tradition—outside of President Shafik’s mansion. You’d think that hospitalizing her own students would make it difficult to sleep at night. Since she’s heartless, students decided to give her a wake up call instead. pic.twitter.com/f9Nn3ewyE9
— Columbia Students for Justice in Palestine (@ColumbiaSJP) May 3, 2024
”É de se esperar que, ao hospitalizar seus próprios alunos, fosse difícil dormir à noite. Como ela é cruel, os alunos decidiram acordá-la”, escreveu o coletivo da universidade nova iorquina nas redes sociais, relacionando seu protesto em frente à residência da reitora à violência policial que seus colegas sofreram com a invasão da NYPD no Hamilton Hall, levando-os à necessidade de hospitalização.
Além das detenções, no campus, a polícia utilizou gás lacrimogêneo, tasers, agrediu alguns alunos no chão e empurrou outros que faziam uma corrente humana nas escadas do prédio ocupado em resistência à invasão dos oficiais, de forma que um deles caiu degraus abaixo e precisou de atendimento médico, negado pelos oficiais.
Além disso, a seção da Universidade de Columbia da Associação Americana de Professores Universitários (AAUP na sigla em inglês) pediu um voto de desconfiança contra a reitora Shafik.
Já o Departamento de Educação (DOE na sigla em inglês) anunciou na quinta-feira que está investigando a Universidade de Columbia por discriminação anti-palestina contra os estudantes. A universidade foi acrescentada à lista de escolas que estão sendo investigadas pelo departamento “por discriminação envolvendo ancestralidade partilhada” em 23 de abril.
Apesar das medidas, a reitoria anunciou a expansão do acesso ao campus de Morningside nesta sexta-feira “para incluir todos os professores, além do acesso existente para estudantes que residem em edifícios residenciais no campus e funcionários que prestam serviços essenciais”.
(*) Com Brasil de Fato