Quarta-feira, 26 de março de 2025
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Estudantes da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, protestaram na última terça-feira (04/03) contra a presença do ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett (2021-2022), convidado para realizar uma palestra pela faculdade.

Em 2024, o campus da Columbia foi epicentro nos acampamentos pró-Palestina em universidades norte-americanas. O movimento estudantil eclodiu em 18 de Abril, quando estudantes que rejeitavam a agressão israelense em Gaza iniciaram uma manifestação, exigindo que a administração da faculdade terminasse a cooperação acadêmica com universidades israelenses e retirasse os seus investimentos de empresas que apoiam a ocupação.

Os antigos atos e o protesto contra Bennet nesta terça foram convocados pelos Estudantes da Universidade de Columbia pela Justiça na Palestina (Columbia SJP).

A concentração da manifestação ocorreu nos portões da faculdade às 18h30 do horário local (20h30 em Brasília), mesmo horário que a universidade começaria a receber os convidados para a palestra do ex-mandatário. “Vamos dizer à Columbia que criminosos de guerra nunca serão bem-vindos em nosso campus!”, declararam os estudantes.

Ao convocar o ato, o coletivo estudantil lembrou algumas declarações de Bennet, como: “eu matei muitos árabes na minha vida, e não tenho nenhum problema com isso”; “eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que palestinos nunca tenham um Estado”; e “eles [palestinos] não são crianças, são terroristas”.

“Seu histórico de incitação à violência e defesa de políticas duras e discriminatórias contra os palestinos reafirma seu status de criminoso de guerra. É nosso dever garantir que genocidas nunca se sintam bem-vindos em nosso campus, apesar dos convites da universidade”, declarou o SJP e a Coalizão pela solidariedade palestina da Columbia (CPS).

Os coletivos conseguiram conseguiu acesso a um e-mail da organização do evento com Bennet, iniciativa da organização judaica Kraft Center for Jewish Student Life da Columbia e do Instituto de Política Global e Relações Públicas da faculdade, que é liderado pela reitora Keren Yarhi-Milo, que já trabalhou como oficial de inteligência do Exército israelense.

Columbia Palestine Solidarity Coalition/X
Segundo estudantes pró-Palestina, fato de a Columbia não ter se posicionado contra a presença de Bennett é “aprovação de suas ações e palavras violentas”

O documento dizia que “as informações, e detalhes do evento, incluindo a identidade do convidado” eram “confidenciais”. “O que eles estão tentando esconder? Isso levanta questões sobre a transparência da universidade e sua aparente tentativa de minimizar a controvérsia em torno da visita de Bennett”, declarou o CPS por meio de um comunicado.

Para os estudantes, “o fato de a Columbia não ter se posicionado contra a presença de Bennett é uma aprovação flagrante de suas ações e palavras violentas”.

Após o ato, nesta quarta-feira (05/03), alunos encontraram a reitora Keren Milo nos arredores do campus. “Você tem sangue em suas mãos. Como você se sente? Há mais de 140 mil palestinos que foram mortos por sua casa”, declarou uma estudante contra Milo.

Em outro vídeo publicado pelas redes sociais do CPS, a mesma aluna declara à reitora, que acelera o passo e entra por uma porta: “você recebeu um criminoso de guerra na última noite. Como você se sente sobre isso?”.

Após o ato, o SJP registrou Bennett sendo escoltado do Instituto de Política Global e Relações Públicas da faculdade, onde a palestra foi realizada. Também nesta quinta-feira, Bennet pronunciou-se sobre a manifestação.

“Ativistas anti-Israel do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) na Universidade de Columbia manifestaram-se contra mim para tentar impedir-me de falar com estudantes. Eles falharam”, escreveu em seu perfil no X.

 

O ex-primeiro-ministro disse ter conversado “com centenas de estudantes” sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza, que classificou como uma “guerra justa contra uma terrível seita terrorista islâmica pelo direito à terra”.

Bennet palestrou na Universidade de Columbia em meio a ameaças do governo de Donald Trump em rescindir U$50 milhões (aproximadamente R$300 milhões) em contratos devido a supostos ataques antissemitas na faculdade.