Estudantes pró-Palestina denunciam palestra de ex-premiê israelense na Universidade de Columbia
Movimentos estudantis protestaram contra convite da faculdade feito a Naftali Bennett; em 2024, campus em Nova Iorque foi epicentro de acampamentos em solidariedade a Gaza
Estudantes da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, protestaram na última terça-feira (04/03) contra a presença do ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett (2021-2022), convidado para realizar uma palestra pela faculdade.
Em 2024, o campus da Columbia foi epicentro nos acampamentos pró-Palestina em universidades norte-americanas. O movimento estudantil eclodiu em 18 de Abril, quando estudantes que rejeitavam a agressão israelense em Gaza iniciaram uma manifestação, exigindo que a administração da faculdade terminasse a cooperação acadêmica com universidades israelenses e retirasse os seus investimentos de empresas que apoiam a ocupação.
Os antigos atos e o protesto contra Bennet nesta terça foram convocados pelos Estudantes da Universidade de Columbia pela Justiça na Palestina (Columbia SJP).
A concentração da manifestação ocorreu nos portões da faculdade às 18h30 do horário local (20h30 em Brasília), mesmo horário que a universidade começaria a receber os convidados para a palestra do ex-mandatário. “Vamos dizer à Columbia que criminosos de guerra nunca serão bem-vindos em nosso campus!”, declararam os estudantes.
EMERGENCY PROTEST TODAY 6:30PM AT THE COLUMBIA GATES. Tell @Columbia that war criminals will never be welcome on our campus! pic.twitter.com/ygur4O9G5l
— Columbia Students for Justice in Palestine (@ColumbiaSJP) March 4, 2025
Ao convocar o ato, o coletivo estudantil lembrou algumas declarações de Bennet, como: “eu matei muitos árabes na minha vida, e não tenho nenhum problema com isso”; “eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para garantir que palestinos nunca tenham um Estado”; e “eles [palestinos] não são crianças, são terroristas”.
“Seu histórico de incitação à violência e defesa de políticas duras e discriminatórias contra os palestinos reafirma seu status de criminoso de guerra. É nosso dever garantir que genocidas nunca se sintam bem-vindos em nosso campus, apesar dos convites da universidade”, declarou o SJP e a Coalizão pela solidariedade palestina da Columbia (CPS).
Os coletivos conseguiram conseguiu acesso a um e-mail da organização do evento com Bennet, iniciativa da organização judaica Kraft Center for Jewish Student Life da Columbia e do Instituto de Política Global e Relações Públicas da faculdade, que é liderado pela reitora Keren Yarhi-Milo, que já trabalhou como oficial de inteligência do Exército israelense.

Segundo estudantes pró-Palestina, fato de a Columbia não ter se posicionado contra a presença de Bennett é “aprovação de suas ações e palavras violentas”
O documento dizia que “as informações, e detalhes do evento, incluindo a identidade do convidado” eram “confidenciais”. “O que eles estão tentando esconder? Isso levanta questões sobre a transparência da universidade e sua aparente tentativa de minimizar a controvérsia em torno da visita de Bennett”, declarou o CPS por meio de um comunicado.
Para os estudantes, “o fato de a Columbia não ter se posicionado contra a presença de Bennett é uma aprovação flagrante de suas ações e palavras violentas”.
Após o ato, nesta quarta-feira (05/03), alunos encontraram a reitora Keren Milo nos arredores do campus. “Você tem sangue em suas mãos. Como você se sente? Há mais de 140 mil palestinos que foram mortos por sua casa”, declarou uma estudante contra Milo.
Em outro vídeo publicado pelas redes sociais do CPS, a mesma aluna declara à reitora, que acelera o passo e entra por uma porta: “você recebeu um criminoso de guerra na última noite. Como você se sente sobre isso?”.
Columbia University students confront @ColumbiaSIPA dean @YarhiMilo for bringing war criminal Naftali Bennett on our campus. She cut off library access and brought dozens of NYPD cars to protect Bennett, who created a “shoot to kill” policy in Gaza. Shameful. pic.twitter.com/YTnQCHU4zP
— Columbia Palestine Solidarity Coalition (CPSC) (@Columbia_psc) March 5, 2025
Após o ato, o SJP registrou Bennett sendo escoltado do Instituto de Política Global e Relações Públicas da faculdade, onde a palestra foi realizada. Também nesta quinta-feira, Bennet pronunciou-se sobre a manifestação.
“Ativistas anti-Israel do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) na Universidade de Columbia manifestaram-se contra mim para tentar impedir-me de falar com estudantes. Eles falharam”, escreveu em seu perfil no X.
פעילי BDS אנטי-ישראלים באוניברסיטת קולומביה יצאו להפגין נגדי כדי לנסות למנוע ממני לדבר בפני סטודנטים.
הם נכשלו.
משך שעתיים שוחחתי עם מאות סטודנטים על המלחמה הצודקת שאנו נלחמים מול כת טרור איסלאמיסטי נוראי ועל זכותנו על הארץ (הסברתי במונח נפוץ שלהם, שאנחנו היהודים Indigenous… pic.twitter.com/OmtyOGqo5H— Naftali Bennett נפתלי בנט (@naftalibennett) March 5, 2025
O ex-primeiro-ministro disse ter conversado “com centenas de estudantes” sobre a guerra de Israel na Faixa de Gaza, que classificou como uma “guerra justa contra uma terrível seita terrorista islâmica pelo direito à terra”.
Bennet palestrou na Universidade de Columbia em meio a ameaças do governo de Donald Trump em rescindir U$50 milhões (aproximadamente R$300 milhões) em contratos devido a supostos ataques antissemitas na faculdade.
