O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, realizou um discurso nesta quarta-feira (24/07) ao Congresso dos Estados Unidos. Sem citar um cessar-fogo ou plano para troca de reféns, o representante israelense agradeceu o apoio de Washington: “devemos permanecer unidos”.
Netanyahu disse que a vitória de Israel nesta ofensiva em Gaza irá terminar somente quando as forças militares israelenses destruírem o grupo palestino Hamas e recuperar todos os reféns que ainda estão no enclave.
Porém, o premiê não apresentou durante sua fala um possível plano para recuperar os civis, tampouco para um cessar-fogo com o Hamas, apenas citou que esforços “intensivos” estão em andamento em nome dos reféns.
Netanyahu classificou como uma “profunda” honra discursar aos parlamentares norte-americanos. Ele disse que no Oriente Médio, o “eixo do terror” do Irã “confronta” os Estados Unidos, Israel e seus aliados árabes. “Este não é um choque de civilizações. É um choque entre aqueles que glorificam a morte e aqueles que santificam a vida. Para que as forças da civilização triunfem, a América e Israel devem permanecer juntos”, afirmou.
Segundo o premiê, sua visita aos Estados Unidos e ao Capitólio busca assegurar que Israel irá “vencer”. Ele aproveitou o momento para enaltecer soldados do país que estavam sentados no Congresso.
De acordo com Netanyahu, os soldados israelenses são homem e mulheres “de todos os cantos da sociedade israelense, todas as etnias, cores, credos, de esquerda e direita, religiosos e seculares”.
Uma ‘nova Gaza’
Após agradecer o suporte do presidente Joe Biden ao que chamou de “nobre missão” de “transformar uma região problemática” cheia de “repressão, pobreza e guerra” em um “oásis de dignidade, prosperidade e paz”, o premiê de Israel apresentou uma visão para Gaza após a guerra.
Citando que Tel Aviv está em busca de uma “vitória total”, Netanyahu falou que uma “nova Gaza” pode surgir, que seria uma região “desmilitarizada e desradicalizada”.
“Israel não busca colonizar Gaza. Mas, no futuro previsível, devemos manter o controle de segurança primordial lá para evitar o ressurgimento do terror, para garantir que Gaza nunca mais represente uma ameaça a Israel”, disse.
A fala de Netanyahu vai na contramão do que organizações políticas e sociais palestinas buscam para o pós guerra. Na última segunda-feira (22/07), após série de diálogos mediada pela China, organizações como Hamas, Fatah e mais 12 grupos da Palestina entraram em acordo para uma “união nacional” que possa governar todo o território.
Esse acordo celebrando em Pequim tem como base o estabelecimento de um governo interino de unidade nacional, formação de uma liderança palestina unificada antes de futuras eleições, eleição livre de um novo Conselho Nacional Palestino e uma declaração geral de unidade diante dos ataques israelenses em andamento.
Protestos pró-Palestina
Enquanto Netanyahu discursava, centenas de pessoas protestavam ao redor do Congresso norte-americano contra o genocídio de Israel contra os palestinos.
Manifestantes carregavam cartazes que diziam “prendam Netanyahu”, “acabem com toda ajuda dos Estados Unidos a Israel” e palavras de ordem de “Palestina livre”.
A manifestação dessa quarta foi acompanhada com outra mobilização de ativistas da Voz Judaica pela Paz dentro do Congresso em Washington, que terminou com diversas prisões.
Netanyahu criticou os protestos, dizendo que “mentiras maliciosas” estão sendo lançadas contra Israel e, sem apresentar provas, está ocorrendo um “aumento terrível” do antissemitismo nos Estados Unidos e ao redor do mundo.
“Eles poderiam muito bem segurar cartazes dizendo ‘galinhas para KFC’, disse em um certo momento ao afirmar que alguns dos manifestantes estão segurando cartazes que dizem “gays por Gaza”.
Além disso, o premiê condenou as mobilizações estudantis e os presidentes de Harvard, da Universidade da Pensilvânia e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde ele é graduado, chamando-os de “acadêmicos confusos”.