O Exército brasileiro decidiu adiar por 60 dias a assinatura do contrato com a empresa israelense Elbit Systems, que previa a compra de 36 viaturas blindadas de combate, conhecidas como obuseiros. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
A medida acontece um dia depois de organizações sociais, de direitos humanos e figuras políticas pressionarem o governo Lula de dar fim ao comércio militar com Tel Aviv.
No entanto, de acordo com a reportagem, o adiamento da assinatura não altera, “por enquanto, o desejo do Exército de assinar o contrato em um prazo de 60 dias”. E ainda segundo o periódico, a Elbit Systems não se posicionou sobre a decisão do Exército do Brasil em relação ao contrato.
O jornal disse que a licitação – que envolvia a importação de veículos de calibre 155mm autopropulsados sobre rodas e poderia chegar a R$750 milhões – deveria renovar os veículos atualmente utilizados pelas Forças Armadas e que a proposta foi feita com o aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e concluída no final de abril.
Em um primeiro momento, a empresa entregaria apenas dois obuseiros que seriam submetidos a dois anos de testes. Após esse período, os outros 34 seriam enviados mediante assinatura de aprovação final.

Processo deve voltar à assessoria jurídica do Ministério da Defesa para “mostrar as razões técnicas que fundamentaram a escolha da gigante israelense da Defesa”
Agora, o processo deve voltar à assessoria jurídica do Ministério da Defesa para “mostrar as razões técnicas que fundamentaram a escolha da gigante israelense da Defesa”.
O comércio causou reações em diversos setores brasileiros, uma vez que os artefatos fabricados pela empresa são utilizados pelo governo israelense para bombardear a Palestina, na ofensiva que já resultou na morte de mais de 35 mil palestinos desde outubro de 2023.
Assim, na última quarta-feira (08/05), o coletivo Vozes Judaicas por Libertação enviou uma carta ao presidente Lula para solicitar que o Estado brasileiro imponha um embargo à importação e exportação de armas e demais equipamentos militares com Israel.
A carta contou com o apoio de figuras públicas, como os músicos Chico Buarque e Emicida, a jurista Carol Proner, a cineasta Petra Costa, a socióloga Ana Prestes, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro, o educador e comunicador Jones Manoel, o professor Vladimir Safatle e o escritor Milton Hatoum.
Entre as organizações que se somaram à causa estão a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Movimento Negro Unificado (MNU), as Mães de Maio e a Rede Universitária de Solidariedade à Palestina.
(*) Com Brasil de Fato.