A família da ativista turco-americana Aysenur Ezgi Eygi, de 26 anos, morta nesta sexta-feira (06/09) na Cisjordânia, acusou neste sábado (07/09) o Exército israelense e pediu uma “investigação independente”. A guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo Hamas completou 11 meses, sem a perspectiva de trégua nos combates e libertação de reféns.
A ativista turco-americana levou um tiro na cabeça durante um protesto em Beita, na Cisjordânia, contra a expansão dos assentamentos israelenses, considerados ilegais pelo direito internacional. Neste sábado, sua família acusou as Forças Armadas israelenses pela sua morte. Os Estados Unidos lamentaram uma morte “trágica” e Ancara condenou uma “intervenção bárbara de Israel”.
Segundo a família da ativista, um vídeo mostra que a bala que a matou “veio de um atirador do Exército israelense”. O Exército admitiu que abriu fogo na área de Beita e estava “investigando relatos de que um estrangeiro foi morto”.
“Sua presença em nossas vidas foi brutal, injusta e ilegalmente tirada pelo Exército israelense”, disse a família da jovem em um comunicado divulgado neste sábado. “Aysenur estava defendendo pacificamente a justiça quando foi morta por uma bala”, diz o texto.
“Pedimos ao presidente (Joe) Biden, à vice-presidente (Kamala) Harris e ao secretário de Estado (Antony) Blinken que peçam uma investigação independente sobre o assassinato injusto de uma cidadã [norte-]americana e garantam que os culpados sejam totalmente responsabilizados”, continua o texto.
Nesta sexta-feira, o Escritório de Direitos Humanos da ONU (UNHRD) já havia divulgado um comunicado afirmando que as forças israelenses eram responsáveis pela morte da ativista, “que participava de uma manifestação pacífica”.
Guerra completa 11 meses
A guerra em Gaza entra em seu 12º mês neste sábado. Em 7 de outubro de 2023, membros do Hamas realizaram um ataque no sul de Israel, que resultou na morte de 1.205 pessoas, e o sequestro de outras 251. Pelo menos 33 dos reféns foram declarados mortos pelo exército e 97 continuam detidos em Gaza.
Em resposta, o Exército israelense lançou uma campanha aérea e uma ofensiva terrestre que matou 40.939 pessoas, de acordo com o último balaço do Ministério da Saúde de Gaza. Segundo a ONU, a maioria das vítimas são mulheres e crianças. No total, os combates deixaram 94.616 feridos na Faixa de Gaza. Cerca de 2,4 milhões de pessoas estão sitiadas. Pelo menos 61 pessoas morreram nas últimas 48 horas.
“Onze meses. Basta. Ninguém aguenta mais isso. A humanidade deve prevalecer. Cessar-fogo já!”, escreveu o chefe da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, na rede X.
Apesar das tentativas dos Estados Unidos, Catar, Egito e da pressão para obter um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses, Israel e Hamas não cedem em suas posições.
Duas questões principais dificultam as negociações. O primeiro envolve o corredor da Filadélfia, uma área na fronteira entre Gaza e Egito que Israel quer manter sob seu controle. Outro ponto de bloqueio é que Tel Aviv reserva o direito de determinar o número e a identidade dos prisioneiros palestinos que serão libertados em troca dos reféns.
Ataque atinge escola que abriga deslocados
Neste sábado, ao amanhecer e logo no início da manhã, vários ataques aéreos e bombardeios de artilharia atingiram o território palestino, de acordo com jornalistas da AFP no terreno.
Pelo menos 16 palestinos morreram, incluindo mulheres e crianças, em Jabalia e na Cidade de Gaza (norte), além de Nuseirat e Bureij (centro), segundo testemunhas e as equipes de resgate. Em Jabalia, uma tenda improvisada montada na escola Halima Al-Saadiya, que abriga moradores deslocados, foi atingida.
“Há entre 3.000 e 3.500 pessoas nesta escola. Estávamos dormindo quando de repente um míssil caiu sobre nós. Acordamos apavorados. Muitos morreram, incluindo mulheres e crianças”, disse uma testemunha, Ahmed Abd Rabbo.
Na Cisjordânia, separada de Gaza pelo território israelense e onde a violência aumentou nas últimas semanas, o Exército israelense se retirou de Jenin, após uma operação marcada pela destruição de infraestruturas, que deixou 36 palestinos mortos desde 28 de agosto, segundo a ONU e a Autoridade Palestina.