Em Israel, as famílias dos reféns estão revoltadas após a descoberta, na noite deste sábado (31/08), dos corpos de seis dos prisioneiros capturados em 7 de outubro de 2023. O resultado ‘poderia ter sido diferente’, dizem seus parentes, conforme informação de um oficial do Hamas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu lançou ameaças contra o movimento islâmico.
Netanyahu ameaçou no domingo “acertar as contas” com o Hamas palestino, após a morte de seis reféns, cujos corpos foram encontrados na Faixa de Gaza, de acordo com o exército israelense. “O homem que mata reféns não quer um acordo” para um cessar-fogo e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, alegou o primeiro-ministro, ameaçando o movimento islâmico palestino Hamas. “Nós os caçaremos, os pegaremos e acertaremos as contas”, declarou o chefe do governo.
Os corpos dos seis reféns israelenses foram descobertos em um túnel do Hamas durante uma operação na noite de sábado (31/08) em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Os cadáveres foram identificados durante a noite.
Os corpos encontrados eram de duas mulheres, Carmel Gat e Eden Yerushalmi, e quatro homens: Alexander Lobanov, Almog Sarusi, Ori Danino e o israelense-americano Hersh Goldberg-Polin.
De acordo com as informações fornecidas pelo porta-voz do exército israelense, os reféns foram mortos por seus sequestradores pouco antes de serem descobertos, apenas um ou dois dias antes, conforme análise dos peritos militares. Isso provavelmente ocorreu quando as forças israelenses estavam se aproximando do túnel onde eles estavam presos.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, sublinhou que os reféns foram “mortos a sangue-frio pelo Hamas” e o presidente israelense, Isaac Herzog, disse que “o coração de toda a nação foi partido em mil pedaços”.
Pelo menos três das vítimas poderiam ter sido salvas
Um funcionário do Hamas palestino disse à agência de notícias AFP no domingo que “alguns” dos seis reféns, cujos restos mortais foram encontrados no sábado pelo exército israelense, “estavam na lista de reféns a serem libertados e que o Hamas havia aprovado”.
A mídia israelense confirmou que o israelense-americano Hersh Goldberg-Polin e as duas israelenses Carmel Gat e Eden Yerushalmi estavam em uma lista de reféns a serem libertados durante a primeira fase de um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que vem sendo negociado há vários meses.
O canal de TV israelense i24news divulgou na íntegra o depoimento de parentes dos reféns mortos e dos que continuam possivelmente vivos.
“Dissemos ao gabinete de guerra: devemos resgatar imediatamente todos os reféns que ainda estão vivos, trazer de volta os mortos para que possam ser enterrados em Israel. A maneira de fazer isso é chegar a um acordo”, sugeriu Yehudit Cohen, cujo filho Nimrod está sendo mantido como refém em Gaza.
Einav Moses, nora do refém Gadi Moses, afirma que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “sabotou deliberadamente as negociações para um acordo” sobre a libertação dos reféns e que seu governo “abandonou os reféns”. “O sangue dos reféns está nas mãos de Netanyahu e daqueles que cooperam com ele”, disse ela.
“Benjamin Netanyahu mostrou que, para ele, a vida dos reféns é menos importante do que o posicionamento do exército israelense na fronteira entre o Egito e Gaza”, concluiu.
As famílias alegam que a operação atual na cidade de Rafah, ao sul de Gaza, significa que o governo abandonou os reféns que ainda estão vivos.
As reações foram rápidas. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar “com o coração partido e com raiva”. Ao lamentar a morte do israelense-americano Goldberg-Polin, o chefe da Casa Branca declarou que os líderes do Hamas pagarão por esses crimes”.
Situação na Cisjordânia
Na Cisjordânia ocupada, onde o exército israelense continua uma vasta operação contra grupos armados pelo quinto dia, os serviços de emergência israelenses anunciaram a morte de três pessoas “em um ataque armado”.
“Pausas humanitárias” também devem continuar no domingo na Faixa de Gaza, onde há quase 11 meses ocorre uma guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas, para permitir a realização de vacinações em larga escala contra a poliomielite, que iniciou no sábado.