Após 15 meses, as Forças de Defesa de Israel (FDI) admitiram ter matado dois cidadãos de seu próprio país em 7 de outubro de 2023. Essas são as conclusões da investigação militar feita sobre as mortes de Tomer Arava Eliaz, de 17 anos, e sua mãe Dikla Arava, 51 anos.
As conclusões se baseiam em relatos de soldados, comandantes e civis presentes em Nahal Oz.
Um porta voz do Exército disse que o adolescente Tomer foi alvejado ao ser confundido com combatentes do Hamas que haviam invadido a casa da família. Ele havia escapado e estava escondido quando foi alvo dos israelenses.
Já a sua mãe, Dikla, segundo os militares, foi morta quando o Exército atirou contra o veículo no qual ela estava sendo levada como refém para Gaza.
Há diversos depoimentos de soldados israelenses dizendo que, durante o ataque de 7 de outubro, suas ordens eram para atirar em qualquer veículo que se dirigisse a Gaza.
‘A FDI falou em sua missão’
“Em 7 de outubro, a FDI falhou em sua missão. No entanto, as forças de segurança israelenses, reservistas, equipes de resposta rápida e civis lutaram bravamente em toda a área da fronteira da Faixa de Gaza”, declarou o porta-voz militar.
O Exército acrescentou suas condolências à família e à comunidade do kibutz Nahal Oz.

Cena de destruição após o ataque do Hamas de 7 de outubro
No carro estavam o companheiro de Dikla, Noam Elyakim e as duas filhas dele, Ella, de oito anos, e Dafna, de 15. Ambas ficaram como reféns em Gaza até serem libertadas no cessar-fogo de novembro de 2023, que permitiu um acordo que libertou 105 pessoas.
O corpo de Elyakim foi encontrado cerca de uma semana depois em território israelense. A investigação não deu detalhes sobre sua morte.
Os combatentes tomaram o celular de Dikla e transmitiram ao vivo no Facebook como percorriam o Kibutz com Tomer, fazendo-o chamar os vizinhos para saírem. Depois disso ele fugiu e acabou morto pelas IDF.
‘Insuportavelmente difícil’
O Kibutz Nahal Oz divulgou um comunicado de condolências à família, classificando a conclusão da investigação militar como “insuportavelmente difícil e de partir o coração”.
No ataque de 7 de outubro, vários grupos de resistência de Gaza, incluindo o Hamas, realizaram uma ofensiva contra Israel matando 1.139 pessoas e fazendo cerca de 250 reféns. Desde então, o Exército israelense já matou mais de 46 mil pessoas em Gaza, 60% delas mulheres e crianças.
A pressão pública e diplomática vem crescendo para que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu faça um acordo com o Hamas que permita a libertação dos reféns.
Netanyahu, porém, rejeitou uma série de propostas de cessar-fogo, incluindo uma feita pelo governo dos Estados Unidos em maio.