Terça-feira, 13 de maio de 2025
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Um navio da Flotilha da Liberdade (FFC, por sua sigla em inglês), organização que levava ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, foi atacado por drones enquanto estava nas águas de Malta, na última sexta-feira (02/05). O ataque foi atribuído a Israel, que mantém um bloqueio total à população palestina há cerca de dois meses. Para Fadi Hanania, embaixador do Estado da Palestina no país europeu, esse atentado “faz parte de uma política mais ampla e deliberada que visa a usar a fome como arma de guerra”.

Sem responsabilizar diretamente Tel Aviv pelo ataque que deixou a embarcação em chamas, destruindo todos os suprimentos que seriam levados à Gaza, Hanania lembrou, em entrevista exclusiva a Opera Mundi, que mesmo diante dos sucessivos ataques contra os palestinos desde 7 de outubro de 2023 “apenas recentemente, as autoridades israelenses deixaram clara sua intenção de assumir o controle total de Gaza”.

“Isso não é apenas moralmente indefensável, mas também uma grave violação do direito humanitário internacional”, advertiu.

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O embaixador oficial do Estado da Palestina em Malta, que foi credenciado pelo governo do país europeu, disse que sua Embaixada não foi informada sobre a passagem da Flotilha da Liberdade pela costa de Malta. “Ficamos sabendo depois que o navio pegou fogo, pois fui procurado para ajudar o governo maltês a enviar um barco para controlar o incêndio a bordo”, contou.

O envolvimento do governo maltês foi crucial no combate às chamas que o ataque de drones deixou no navio. E segundo Hanania, essa solidariedade aos palestinos não foi apenas emergencial.

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Ataque a drones contra Flotilha da Liberdade atribuído a Israel destruiu ajuda humanitária que seria entregue a palestinos
Embaixada da Palestina em Malta/Instagram

Segundo ele, Malta sempre demonstrou solidariedade ao povo palestino “na busca por justiça e independência”. “Valeta [capital do país] foi o primeiro membro da União Europeia a pedir um cessar-fogo imediato. Além disso, Malta estava entre as 124 nações na Assembleia Geral da ONU que apoiaram uma resolução pedindo o fim da ocupação israelense no prazo de um ano e a imposição de sanções em caso de descumprimento. Também elaborou a Resolução 2712 da ONU, que exige corredores humanitários em Gaza”, declarou.

Hanania detalhou que o governo de Malta também fez uma doação e conseguiu enviar alimentos, medicamentos e produtos para crianças por meio dos canais europeus, em colaboração com a sociedade civil maltesa. Além disso, em colaboração com a Embaixada, levou crianças feridas de Gaza para tratamento médico no país europeu.

“Bloqueio deve terminar”

Apesar do ataque que comprometeu a entrega de ajuda humanitária aos palestinos, Hanania afirma que iniciativas como a da Flotilha da Liberdade “refletem o compromisso da sociedade civil internacional em romper o bloqueio ilegal a Gaza e fornecer ajuda humanitária que salva vidas”.

“Esses atos de solidariedade trazem esperança e atenção global” para a situação dos 2,3 milhões de palestinos sitiados, que estão sob uma “forma de punição coletiva”, advertiu ao lembrar que o bloqueio criou uma crise humanitária terrível e viola a lei internacional. “Isso deve terminar para permitir o acesso à ajuda, ao atendimento médico e à reconstrução da infraestrutura civil”, instou a autoridade.

Hanania também disse que sua Embaixada envia “contêineres de ajuda” quando Israel permite o acesso em Gaza. Contudo, defende que “há apenas uma solução” para o conflito que Tel Aviv promove no enclave palestino: “o levantamento imediato do bloqueio a Gaza e a realização de uma solução de dois Estados com base na lei internacional e nas resoluções da ONU”.

“A paz, a justiça e a segurança só podem ser alcançadas por meio do reconhecimento, da soberania e do fim da ocupação”, concluiu.

(*) Redação Opera Mundi contribuiu nesta reportagem