O ministro da Saúde do Líbano, Firass Abiad, realizou uma coletiva nesta quarta-feira (18/09) e informou que pelo menos 12 pessoas foram mortas, incluindo crianças e filhos de dois deputados do Hezbollah, Ali Ammar e Hassan Fadlallah, em decorrência das explosões dos pagers utilizados pelo grupo libanês e, também, por civis no país. Quase 4 mil pessoas ficaram feridas, sendo que cerca de 200 apresentam ferimentos graves.
Horas após o incidente ocorrido na terça-feira (17/09), a emissora catari Al Jazeera relatou que o Hezbollah acusou Israel pelo ataque. Segundo o veículo, o grupo declarou que “o inimigo israelense é totalmente responsável por esta agressão criminosa” e que “receberá sem dúvida a sua punição justa”.
À agência Reuters, uma fonte da segurança libanesa indicou o envolvimento da agência de espionagem israelense, Mossad, no incidente. De acordo com a fonte, o Mossad teria instalado explosivos dentro de 5.000 pagers importados pelo Hezbollah da fabricante Gold Apollo, de Taiwan, meses antes das explosões. Os aparelhos teriam recebido uma pequena carga de explosivos entre 20 e 50 gramas, além de um minúsculo dispositivo de detonação remoto
Por sua vez, a Gold Apollo afirmou que os aparelhos foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste, capital da Hungria, sendo produzidos pela BAC Consulting KFT.
Vale lembrar que os pagers explodiram poucas horas depois que Tel Aviv anunciou que iria estender alvos da guerra à sua fronteira com o Líbano.
O ministro Abiad considerou que a ofensiva reforçou que Tel Aviv estava “se afastando de uma solução diplomática”. No entanto, a autoridade destacou que o maior desafio, no momento, é levar o setor médico a uma “situação de preparação”, que inclui o aumento dos estoques de medicamentos e combustível.
Segundo governo libanês, ao longo da noite, os hospitais precisaram de uma reorganização em decorrência fluxo maciço de pacientes, já que cada unidade recebeu de 70 a 100 pacientes após o ataque.
Rússia e Turquia falam em ‘guerra regional’
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, considerou o ataque atribuído a Israel como “mais um ato de guerra híbrida contra o Líbano, que prejudicou milhares de inocentes”.
“Parece que os organizadores deste ataque de alta tecnologia procuraram deliberadamente fomentar um confronto armado em larga escala para provocar uma grande guerra no Oriente Médio”, pontuou a autoridade russa.
Segundo a agência de notícias estatal Anadolu, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, também lamentou o incidente no Líbano durante um telefonema com o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati.
O mandatário turco afirmou que as tentativas de Israel de escalar sua guerra em Gaza para toda a região eram perigosas e que os esforços para impedir novas manobras de Israel continuariam.
União Europeia condena ataque
O alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, classificou a situação como “extremamente preocupante”, uma vez que os ataques “tiveram danos colaterais pesados e indiscriminados entre os civis, incluindo crianças”.
“Considero esta situação extremamente preocupante. Apenas posso condenar esses ataques que colocam em risco a segurança e a estabilidade do Líbano e aumentam o risco de escalada na região”, acrescentou, entretanto, sem mencionar Israel.
O que é um pager?
Pagers são pequenos dispositivos de comunicação, que eram comumente usados antes do desenvolvimento de aparelhos celulares. O produto exibe uma pequena mensagem de texto para o receptor, em recado transmitido via telefone, por meio de uma operadora central.
Ao contrário dos aparelhos celulares, os pagers funcionam com a propagação de ondas de rádio, uma vez que o operador envia a mensagem por radiofrequência, em vez da internet.
A tecnologia usada nos pagers dificulta o monitoramento da comunicação por terceiros e evita eventuais ataques cibernéticos, o que faz com que o dispositivo se torne essencial entre grupos como o Hezbollah, aos quais tanto a mobilidade quanto a segurança são primordiais.