Quinta-feira, 10 de julho de 2025
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O Kapitalforvaltning (KLP), maior fundo de previdência da Noruega, excluiu a empresa norte-americana Oshkosh Corporation e a alemã ThyssenKrupp de seu portfólio de investimentos nesta segunda-feira (30/06). A decisão foi tomada porque as duas companhias são fornecedoras das Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês).

“Em junho de 2024, o KLP tomou conhecimento de relatórios da ONU de que várias empresas nomeadas estavam fornecendo armas ou equipamentos para o [exército israelense] e que essas armas estão sendo usadas em Gaza”, declarou Kiran Aziz, chefe de investimentos responsáveis do KLP, em comunicado a Al Jazeera.

O fundo contatou as duas empresas antes da decisão final. A Oshkosh, que produz caminhões e veículos militares, “confirmou que vendeu e continua vendendo equipamentos que são usados pelo [exército israelense] em Gaza”, principalmente veículos e peças.

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A ThyssenKrupp, fabricante de máquinas industriais e navios de guerra, informou ao KLP que “tem um relacionamento de longo prazo com [o exército israelense]” e entregou quatro navios de guerra do tipo Sa’ar 6 à Marinha israelense entre novembro de 2020 e maio de 2021, além de planos para novas remessas ainda neste ano.

O KLP indicou que as empresas não comprovaram a devida diligência sobre possível cumplicidade em violações do direito humanitário. “Nossa conclusão é que as empresas Oshkosh e ThyssenKrupp estão contrariando nossas diretrizes de investimento responsável”, afirmou Aziz. “Decidimos, portanto, excluí-las do nosso universo de investimentos”.

O jornal Times of Israel informou que o desinvestimento ocorreu pelo critério da KLP sobre “venda de armas para estados em conflitos armados que usam as armas de maneiras que representam violações graves e sistemáticas do direito internacional que rege os conflitos”.

A Al Jazeera relatou que o KLP mantinha US$ 1,8 milhão (cerca de R$10 milhões) investidos na Oshkosh e cerca de US$ 1 milhão (R$5,6 milhões) na ThyssenKrupp até junho deste ano.

Fundo previdenciário norueguês indicou que empresas não comprovaram devida diligência sobre possível cumplicidade em violações do direito humanitário
idfonline/X

KLP tem Histórico de desinvestimento em Israel

Em 2021, o fundo norueguês vendeu participações em 16 empresas, incluindo a Motorola, por conexões com assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, de acordo com a emissora catari.

Já em 2024, o KLP também retirou investimentos da empresa norte-americana Caterpillar. Sobre esta companhia, Aziz explicou que seus bulldozers (tratores) são modificados em Israel pelo exército e empresas locais, sendo depois utilizados no território palestino ocupado.

“O uso constante desses bulldozers armados no território palestino ocupado levou a uma série de alertas de direitos humanos de agências das Nações Unidas e organizações não governamentais nas últimas duas décadas sobre o envolvimento da empresa na demolição de casas e infraestrutura palestinas”, explicou.

“É, portanto, impossível afirmar que a empresa implementou medidas adequadas para evitar se envolver em futuras violações de normas”, concluiu Aziz.

O KLP, fundado em 1949, gerencia cerca de US$ 114 bilhões (quase R$ 640 bilhões) em recursos. O fundo é propriedade de municípios e empresas do setor público norueguês. Seu esquema de previdência atende aproximadamente 900 mil pessoas, em sua maioria funcionários municipais.

(*) Com informações de Al Jazeera e Times of Israel