Gaza: 110 palestinos foram mortos procurando por comida em centros de ajuda
Número contabiliza últimas duas semanas após Fundação Humanitária apoiada por Israel e EUA supervisionar entrega de suprimentos no enclave
O governo da Faixa de Gaza divulgou nesta sexta-feira (06/06) um balanço dos palestinos que foram assassinados pelas tropas israelenses enquanto procuravam por comida em pontos de distribuição de ajuda supervisionados pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) que, por sua vez, é apoiada pelo regime sionista e pelos Estados Unidos.
De acordo com o Escritório de Comunicação do enclave, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) mataram ao menos 110 palestinos e feriram outros 583 desde que os centros, que supostamente serviriam para fornecer suprimentos básicos aos civis, começaram a operar no final de maio. Além disso, pelo menos nove pessoas estão desaparecidas.
Em 27 de maio: três mortos, 46 feridos, e sete desaparecidos em Rafah, no sul de Gaza; em 28 de maio: 10 mortos e 62 feridos em Rafah; em 1º de junho: 35 mortos e 200 feridos em Rafah, além de um morto, 32 feridos e dois desaparecidos na ponte Wadi Gaza, próximo à Cidade de Gaza; em 2 de junho: 26 mortos e 92 feridos em Rafah; em 3 de junho: 27 mortos e 90 feridos em Rafah; em 6 de junho: oito mortos e 61 feridos em Rafah.
Ainda nesta sexta-feira, a GHF informou que seus centros de distribuição permanecerão fechados até um novo aviso, apesar de uma crescente crise de fome agravada desde que Israel impôs um bloqueio severo à entrada de ajuda humanitária no enclave, em março.

X/UNRWA
A medida foi condenada pela comunidade internacional e a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que todos os palestinos que residem em Gaza correm risco de fome. Pressionado, no mês passado, Tel Aviv permitiu que parte do auxílio entrasse no território palestino, mas grupos de ajuda alertaram que as quantidades são inadequadas.
A emissora catari Al Jazeera classifica a GHF como um grupo “até então desconhecido que está supervisionando o esforço de distribuição de ajuda”. A ONU já se recusou a trabalhar com a fundação por preocupações com sua neutralidade, enquanto algumas agências de ajuda suspeitam que a entidade tenha sido projetada estrategicamente para atender aos objetivos militares israelenses.
Em um artigo publicado em 24 de maio, o jornal norte-americano The New York Times citou funcionários israelenses que, sob condição de anonimato, revelaram que o plano para suposta ajuda em Gaza foi “concebido e desenvolvido em grande parte por israelenses como uma forma de prejudicar o Hamas”.
No início da semana, as operações dos centros de distribuição foram interrompidas após vários ataques liderados pelas tropas israelenses contra os requerentes de ajuda palestinos. Apenas dois locais distribuíram ajuda na quinta-feira (05/06).
