Gaza: 91% dos habitantes enfrentam insegurança alimentar, denunciam ONGs
Rede de organizações humanitárias palestinas pedem intervenção internacional para acabar com ‘fome e genocídio contínuos’ no enclave
Com a ajuda internacional cortada há mais de um mês em Gaza, a população agora sofre de “insegurança alimentar”. É o que diz a rede de ONGs palestinas que está pedindo intervenção internacional imediata para acabar com o que descreve como “fome e genocídio contínuos” em Gaza. Para essas organizações, a mobilização de uma força da ONU poderia garantir a chegada de ajuda a quem precisa.
Um apelo urgente foi feito por agentes humanitários em relação à situação em Gaza, quando ocorre uma escalada das operações militares israelenses no enclave palestino. “91% dos habitantes da Faixa de Gaza estão em crise de insegurança alimentar, 345.000 pessoas estão no nível mais extremo de fome”, alerta Ubai Abudeh, da rede de ONGs palestinas PNGO.
A situação das crianças e das mães que amamentam é preocupante: 92% não recebem alimentação adequada. Uma ação deliberada, apontam ONGs palestinas. Elas dizem que a ajuda está a poucos quilômetros de distância, em al-Arish, no Egito. Mas denunciam que os caminhões não chegam “devido ao cerco israelense e ao uso da fome para perpetrar genocídios”. As ONGs apelam ao envio de uma força de paz da ONU para permitir a entrega da ajuda necessária. “As vidas do povo de Gaza, e do povo palestino são preciosas”, apontam.
Tel Aviv, por sua vez, negou qualquer “escassez de ajuda na Faixa de Gaza”.

ONGs palestinas denunciam que população em Gaza sofre de insegurança alimentar após mais de um mês sem ajuda internacional, decorrente de bloqueio israelense
‘Futuro incerto’
Nesta sexta-feira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos disse que as ações de Israel na Faixa de Gaza ameaçam a “capacidade futura dos palestinos de viver” no território. “A morte, a destruição, o deslocamento, a recusa de acesso às necessidades básicas em Gaza e a repetida sugestão de que os moradores devem deixar o território levantam preocupações reais sobre a capacidade futura dos palestinos de viverem como um grupo em Gaza”, afirmou a porta-voz Ravina Shamdasani, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
“Nossa declaração de hoje eleva nossas preocupações a um novo nível devido ao efeito cumulativo do que está acontecendo em Gaza”, disse ela, denunciando particularmente o impacto sobre os civis dos ataques israelenses nas últimas semanas na Faixa de Gaza, observando que “uma grande porcentagem das vítimas são crianças e mulheres”.
