Desde o anúncio da descoberta, no domingo, dos corpos de seis reféns pelo exército israelense, Netanyahu tem estado sob intensa pressão para chegar a um acordo sobre a libertação dos reféns ainda detidos, em troca de uma trégua nos combates, o que possibilitaria avançar para um cessar-fogo permanente após quase 11 meses de guerra.
Na terça-feira (03/09), os Estados Unidos pediram que um acordo de trégua fosse finalizado. Mas o Hamas e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu estão culpando um ao outro pelo fracasso das negociações para encontrar uma saída para o conflito no território.
“O Hamas rejeitou tudo”, denunciou Netanyahu, enquanto o movimento islâmico palestino insiste na aplicação, tal como está, de um plano anunciado em 31 de maio pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que ele havia aceitado. “Estamos tentando encontrar uma base para iniciar as negociações, mas eles (Hamas) se recusam e dizem que não há nada para discutir”, declarou o premiê israelense na quarta-feira (04/09) em uma coletiva de imprensa.
Impasse sobre o Corredor Filadélfia
O Hamas está pedindo uma retirada israelense total da área. De acordo com o Hamas, a insistência de Netanyahu em controlar o Corredor Filadélfia, uma faixa de terra de 14 km na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, “visa impedir que se chegue a um acordo”.
“Não precisamos de novas propostas”, escreveu o Hamas no Telegram na quinta-feira, acrescentando que Netanyahu estava ‘usando as negociações para prolongar a agressão contra o povo palestino’.
O primeiro-ministro israelense quer que Israel mantenha o controle do Corredor Filadélfia pelo tempo que julgar necessário, para evitar, segundo ele, que o Hamas traga armas para o território palestino ou deixe passar armas, reféns ou alguns de seus combatentes para o Egito por meio de túneis.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, pediu aos dois lados que fizessem as concessões necessárias.
De acordo com Netanyahu, o Corredor Filadélfia está longe de ser o único obstáculo. A questão do número de prisioneiros palestinos mantidos por Israel a serem libertos em troca de cada refém libertado, ou um possível veto israelense à libertação de alguns desses detentos, estão entre as questões que “não foram resolvidas”, afirma ele.
O Catar, um importante mediador nas negociações, disse na terça-feira que a abordagem israelense estava tentando “falsificar os fatos”, enfatizando que tal processo “acabará por levar à interrupção dos esforços de paz”.