Soldados israelenses invadiram a cidade de Qabatiya, na Cisjordânia ocupada e mataram três palestinos nesta segunda-feira (04/11). No mesmo dia, o exército invadiu israelense sitiou e invadiu dois campos de refugiados na Cisjordânia ocupada, onde praticaram vandalismo contra propriedade privada e infraestrutura. Usando escavadeiras, os soldados destruíram casas e infraestrutura nos campos de refugiados de Tulkarem e Nur Shams, no oeste da Cisjordânia.
A informação é da agência de notícias Al Jazeera, que recebeu vídeos verificados por sua agência de checagem de informações. A operação, que durou quatro horas, começou pelo isolamento dos dois campos de refugiados com um cerco militar apertado, com veículos bloqueando todos os pontos de acesso e atiradores posicionados nos telhados.
Em Tulkarem, as escavadeiras destruíram várias ruas e danificaram a principal tubulação que abastece de água a área. O campo já havia sido atacado no início de outubro, quando 15 pessoas morreram. Segundo Israel 12 delas pertenciam à Jihad islâmica e ao Hamas.
No campo de refugiados de Nur Shams, várias propriedades foram danificadas e uma loja foi incendiada e completamente destruída pelos soldados. Um vídeo mostra os militares detonando um dispositivo explosivo neste campo.
Demolição de casas em Jerusalém Oriental
Em Jerusalém Oriental, na área ocupada de Silwan, as autoridades israelenses demoliram nesta segunda-feira mais uma casa. É a sétima casa demolida no último ano, segundo a governadora de Jerusalém e outras cerca de 120 estão sob ordens de demolição de Israel, o que deixaria cerca de 1.500 pessoas desabrigadas.
Desde o início da guerra em Gaza, o governo israelense acelerou a demolição de casas nos territórios palestinos, no que se considera uma punição coletiva.
O eurodeputado belga do Parlamento Europeu, Marc Botenga, esteve na Cisjordânia ocupada no início da guerra e documentou em vídeo o que viu. Ele diz que “todos os sinais de repressão e ocupação são evidentes lá, mesmo nos menores detalhes”.
Segundo ele, autoridades israelenses e colonos israelenses ilegais se unem para cometer impunemente, todos os dias, todo tipo de violações de direitos contra o povo palestino, como jogar lixo e coquetéis molotóv em lojas e janelas. Ele descreve como os postos de controle montados pelos militares.
Ataques mortais em Gaza
Na Faixa de Gaza, ao menos 87 pessoas foram mortas por Israel entre a noite de segunda-feira (04/11) e a manhã desta terça-feira (05/11), segundo fontes médicas locais ouvidas pelas agências de notícias Al Jazeera e Wafa. Só o norte da Faixa, sitiado pelo exército israelense há cerca de um mês, acumula 59 das vítimas mortais das bombas sionistas. Outros três palestinos foram assassinados na Cisjordânia.
Os ataques foram mais mortíferos na cidade de Beit Lahiya e no campo de refugiados de Jabalia, no norte, mas houve mortos também na cidade de Gaza, em áreas centrais da Faixa e no sul, em Khan Younis e em Khirbet al-Adas, perto de Rafah, no extremo sul.
En Beit Lahiya, no norte, os bombardeios incluíram o Hospital Kamal Adwan, que já sofreu vários ataques nas últimas semanas. Dessa vez, jatos e drones atingiram a ala infantil, ferindo médicos, pacientes e voluntários.
Recém-nascidos feridos
“Os andares superiores ficaram danificados e algumas crianças e recém-nascidos foram feridos, além de profissionais da área médica e jornalistas“, disse à Al Jazeera por telefone o diretor de enfermagem do hospital, Eid Sabbah.
O Hospital Kamal Adwan é o maior e o único que ainda funciona parcialmente – sem água e sem remédios – no norte de Gaza, que está sitiado pelo exército israelense há mais de um mês.
Quase todos os médicos presos
Na semana passada, os militares invadiram o hospital e prenderam quase todos os seus médicos e enfermeiros. Desde então, o hospital funciona parcialmente com quatro médicos e 50 voluntários.
O norte do enclave tampouco tem ambulâncias ou equipes de defesa civil para atender às vítimas dos bombardeios porque Israel os obrigou a evacuar.
O hospital fica na cidade de Beit Lahilya que, junto com Jabalia e Beit Hanoon, tem sido das mais fustigadas pelos ataques aéreos e terrestres de Israel nas últimas semanas.
Sem equipes de resgate
Em Beit Lahilya, as pessoas ainda tentam retirar corpos da casa da família al-Masry, onde ao menos 25 palestinos, 13 deles crianças, morreram nos bombardeios da semana passada.
Apesar das diversas ordens de evacuar a região dadas pelo exército israelense, dezenas de milhares de civis permanecem no norte. Eles temem deixar a região porque muitos foram alvejados enquanto se deslocavam e porque muitas das áreas que Israel indicou como seguras também estão sendo bombardeadas repetidamente. Outros simplesmente temem nunca mais poder retornar às suas casas como ocorreu com milhares de palestinos.
Sob a alegação de evitar o reagrupamento do Hamas, Israel sitiou uma ampla parte do norte de Gaza, bloqueando a entrada de ajuda humanitária e intensificando os ataques à região.
Viver com 6% do que recebia antes
Segundo Philippe Lazzarine, chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), em outubro, Israel permitiu que entrasse em Gaza apenas 6% dos suprimentos que a Faixa recebia antes da guerra para atender a mais de 2 milhões de pessoas.
A situação também deve ser afetada pela a decisão do parlamento israelense de expulsar a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) de todo o território. A UNRWA prevê que o atendimento humanitário à região, já precário, entrará em colaspo.
Segundo o secretário-geral da ONU, Antonio Gutierres, os advogados desse organismo estão estudando que medidas tomar.
Ultimatum sem consequências
Em meados de outubro, o governo dos Estados Unidos enviou uma carta ao governo israelense exigindo que melhorassem a situação humanitária em Gaza, sob pena de terem a ajuda militar restringida.
Nesta segunda-feira (047/11), o porta-voz do departamento de Estado, Matthew Miller disse: “eles falharam em implementar todas as coisas que recomendamos”, mas se recusou a dizer que consequências isso poderia acarretar. Os Estados Unidos são o maior fornecedor de armas para Israel.
Nesses 13 meses de guerra em Gaza, o conflito já matou ao menos 43.391 palestinos, sendo cerca de 15 mil crianças, feriu outros mais de 100 mil e deixou dezenas de soterrados.