Sábado, 15 de novembro de 2025
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Empresas e trabalhadores israelenses estão cada vez mais pressionados com a economia decadente do país à medida que o genocídio na Faixa de Gaza não sinaliza estar próximo do fim, de acordo com o portal norte-americano Bloomberg nesta sexta-feira (19/09).

De acordo com Nimrod Vax, cofundador da empresa de inteligência de dados BigID ouvido pela reportagem, a crise decorre principalmente das repetidas convocações militares feitas pelo Exército israelense ao longo de quase dois anos, que por consequência deixaram as corporações sem funcionários. Relatando sua experiência, apontou que 20% dos 600 trabalhadores de sua empresa estavam em Tel Aviv servindo as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).

“Houve um impacto notável em nossos projetos de longo prazo e em pesquisa e desenvolvimento”, disse. “Talentos-chave estavam ausentes.”

Segundo a Bloomberg, a expectativa é de que cerca de 130 mil soldados da reserva sejam mobilizados para a mais recente ofensiva planejada por Israel, na Cidade de Gaza, o que envolveria cerca de 3% da força de trabalho do país.  Relatos obtidos indicam “fechamento iminente” para as empresas de pequeno e médio porte que, por sua vez, empregam cerca de 60% da força de trabalho de Israel.

Os ataques terrestres já iniciados pelo regime sionista no principal centro urbano do enclave, que abrigava um milhão de pessoas, promoveu um deslocamento em massa para o sul. O objetivo é tomar o controle da região, conforme foi declarado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu quando anunciou o plano de ocupação há meses. O projeto foi condenado internacionalmente. 

Com plano de ocupação iniciado na Cidade de Gaza, Israel deverá convocar mais soldados e prejudicar economia local
Israel Defense Forces

Isolamento econômico

Na segunda-feira (15/09), a Liga Árabe pediu a revisão de todos os laços diplomáticos e econômicos com Israel. Na próxima semana, a França e a Arábia Saudita devem liderar um esforço para que mais nações reconheçam um Estado palestino. Vale lembrar também que, recentemente, a União Europeia, que se consolida como o maior parceiro comercial do regime sionista, apresentou uma proposta para suspender o acordo de livre comércio com Israel. O texto deverá ser votado pelos Estados-membros do bloco.

O colapso na economia israelense também é preocupação de Netanyahu. Durante uma conferência do Ministério das Finanças em Jerusalém, no início desta semana, o premiê admitiu estar sofrendo um crescente isolamento econômico.

“Precisaremos cada vez mais nos adaptar a uma economia com características autárquicas [sem comércio exterior]”, disse. “Sou um defensor do mercado livre, mas podemos nos encontrar em uma situação em que nossas indústrias de armas sejam bloqueadas. Precisaremos desenvolver indústrias de armas aqui – não apenas pesquisa e desenvolvimento, mas também a capacidade de produzir o que precisamos”.

Embora Netanyahu tenha voltado atrás, a declaração não passou imune. As ações de Tel Aviv despencaram e os investidores ficaram mais preocupados com as consequências econômicas e diplomáticas israelenses.

“Os exportadores, que incluem o importante setor de tecnologia do país, temem que Israel se torne um pária, já que as imagens da destruição em Gaza provocam indignação em todo o mundo. Alguns clientes europeus estão pedindo às empresas de defesa israelenses que mantenham as negociações sobre pedidos futuros em segredo”, informou a Bloomberg.

No ano passado, a economia de Israel, de US$ 580 bilhões, registrou o ritmo de crescimento mais lento em mais de duas décadas, exceto a pandemia de Covid-19. Além disso, a produção permanece menor do que os níveis antes de outubro de 2023, quando ajustada pela inflação. Ainda em 2024, o déficit orçamentário do governo disparou, o que o levou a pedir emprestado uma quantia recorde nos mercados de títulos locais e internacionais para ajudar a financiar o genocídio.