Governo Lula repatria 12 brasileiros e parentes palestinos da Faixa de Gaza
Itamaraty revelou ter mantido operação em sigilo para 'garantir segurança dos evacuados'
Em meio à intensificação das operações militares de Israel, um novo grupo de repatriados da Faixa de Gaza, composto por 12 brasileiros e parentes palestinos, sendo seis menores de idade, desembarcam no Brasil nesta quarta-feira (21/05). A repatriação coordenada pelo Itamaraty foi anunciada pelo governo federal no dia anterior, tratando-se de uma operação de caráter sigiloso para “garantir a segurança dos evacuados”.
Segundo o comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro, a iniciativa humanitária atende “pessoas que não puderam ser evacuadas em operações anteriores”, sendo ela costurada por Brasília juntamente com as autoridades dos países da região.
“Após pernoite na Jordânia, deverão ser repatriados amanhã, 21/5, em voo comercial para o Brasil. Os que necessitarem de acolhimento, na chegada ao Brasil, serão assistidos por equipe do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome”, afirmou a pasta, em nota publicada na terça-feira (20/05).
Trata-se da primeira repatriação operada pelo país desde o final de 2023, quando os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxeram os três primeiros grupos de brasileiros no enclave palestino.
De acordo com os dados oficiais do governo brasileiro, desde outubro de 2023, 127 brasileiros e familiares diretos de nacionais foram retirados de Gaza. No total, 1.572 pessoas que se encontravam em Israel, na Cisjordânia ocupada ou em Gaza e que manifestaram intenção de partir foram retiradas da região pela gestão Lula.
“O Itamaraty continua a acompanhar a situação securitária na Faixa de Gaza e desaconselha quaisquer deslocamentos à região”, conclui o comunicado.
Brasil condena ataques israelenses e bloqueio humanitário
Ainda nesta quarta-feira, o governo brasileiro publicou outro comunicado condenando “nos mais fortes termos” o lançamento de uma nova ofensiva israelense na Faixa de Gaza, ao ressaltar que nos últimos dias, as tropas de Tel Aviv mataram ao menos 300 palestinos, incluindo mulheres e crianças, além de forçarem o deslocamento de mais de 60 mil pessoas.
No texto, a gestão Lula expressou “grave preocupação” referente ao bloqueio israelense à entrada de ajuda humanitária no enclave, lembrando também que a limitação de recursos básicos e “o uso da fome como método constitui crime de guerra”. Em seguida, apelou para o acesso desimpedido de auxílio no território palestino, a retirada completa das forças de ocupação de Israel, um cessar-fogo permanente e a libertação de reféns remanescentes.
“Ao deplorar a declaração do Primeiro-Ministro de Israel de que o país ‘assumirá o controle’ de toda a Faixa de Gaza, o Brasil recorda que qualquer pretensão de exercer autoridade permanente em território ocupado é incompatível com as normas de direito internacional. O Brasil reafirma, ainda, que a única solução legítima e duradoura para o conflito reside na implementação definitiva da solução de dois Estados”, diz a nota.

Ricardo Stuckert/PR
Brasil presidirá grupo sobre criação do Estado palestino
O Brasil foi convidado para copresidir um grupo de trabalho durante a Conferência Internacional para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, idealizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e programada para junho.
Ao lado de Senegal, o Brasil vai comandar a discussão sobre a promoção do respeito ao direito internacional para a implementação da solução de dois Estados.
Foram convocados oito grupos de trabalho como parte do processo preparatório. Tanto os grupos como a Conferência propriamente dita são abertos a todos os Estados-membros e a representantes do sistema ONU, incluindo programas, fundos, agências especializadas e comissões regionais, além das instituições de Bretton Woods.
Conforme o Itamaraty, todos os estados-membros das Nações Unidas estão sendo consultados simultaneamente pelos oito grupos de trabalho. Ainda não há definição sobre quais países participarão dos grupos.
(*) Com Agência Brasil
