Terça-feira, 18 de novembro de 2025
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A Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada na cidade holandesa de Haia, decidiu nesta sexta-feira (19/07) que as políticas de assentamento e a presença de Israel nos territórios palestinos ocupados, além da exploração de seus recursos naturais, configuram uma violação do direito internacional, incluindo a Convenção de Genebra e a Carta das Nações Unidas (ONU).

Em um parecer não vinculativo de 83 páginas, o principal tribunal das ONU apontou uma ampla lista de “ilegalidades”. No documento foram mencionadas a construção e expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental, o uso do patrimônio natural da área, a anexação e imposição de controle permanente sobre as terras e políticas discriminatórias contra palestinos.

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O painel composto por 15 juízes considerou que o “abuso de Israel de seu status como potência ocupante” torna sua “presença no território palestino ocupado ilegal”. Nesse sentido, a CIJ emitiu uma condenação abrangente, exigindo o encerramento das políticas de hostilidades, o fim da construção de assentamentos e a remoção dos já existentes.

A equipe jurídica de Israel não compareceu à audiência, mas criticou, em nota, o que classificou como “preconceituosas” as abordagens do tribunal da ONU, acusando que ignoram as preocupações envolvendo a segurança do Estado. 

Para o presidente da CIJ, Nawaf Salam, os argumentos sustentados por Israel para a “ocupação permanente” são completamente inválidos. Destacou ainda que a nação criou uma situação indefinida e irreversível para os palestinos.

Reprodução/International Court of Justice
A Corte Internacional da Justiça (CIJ) considerou que o “abuso de Israel de seu status como potência ocupante” torna sua “presença no território palestino ocupado ilegal”

Em resposta à decisão, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu insistiu que a Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental fazem parte da “pátria” histórica do povo judeu.

“O povo judeu não é conquistador em sua própria terra – nem em nossa capital eterna, Jerusalém, nem na terra de nossos ancestrais na Judeia e Samaria”, disse por meio de publicação na plataforma X. “Nenhuma decisão falsa em Haia distorcerá essa verdade histórica e, da mesma forma, a legalidade do assentamento israelense em todos os territórios de nossa pátria não pode ser contestada”.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, celebrou a decisão e afirmou ser “uma vitória para a justiça”. Pediu ainda para “a comunidade internacional obrigar Israel, a potência ocupante, a pôr fim completa e imediatamente à sua ocupação e ao seu projeto colonial, sem restrições ou condições”.

Trata-se de uma decisão histórica, uma vez que, desde 1967, quando Israel tomou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza (onde posteriormente se retirou), a nação solidifica seu domínio sobre os territórios, embora não legitimado internacionalmente.

A opinião do tribunal desta sexta-feira foi solicitada pela Assembleia Geral da ONU após um pedido palestino.

Vale ressaltar que se trata de um parecer consultivo não vinculativo, o que, na prática, não afetará a política de Israel. No entanto, a emissora catari Al Jazeera relata que ela “levanta questões sobre a legalidade da ocupação e também sobre as consequências da ocupação para todos os Estados envolvidos e para a ONU”, ou seja, “é basicamente uma pergunta para todos os países que têm uma relação com Israel”.