Quarta-feira, 26 de março de 2025
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O Hamas anunciou nesta segunda-feira (10/02) que adiará, de forma indefinida, a próxima troca de reféns no âmbito da primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza estabelecido com Israel. Segundo Hudhaifa Kahlout, o porta-voz das Brigadas Al-Qassam, braço militar do grupo palestino, a decisão foi tomada devido às constantes violações israelenses às cláusulas do tratado no enclave.

“A libertação dos prisioneiros, que estava programada para este sábado, 15 de fevereiro de 2025, será adiada até um novo aviso, enquanto aguardamos a concordância do inimigo e o cumprimento retroativo das violações das últimas semanas”, explicou o grupo, em comunicado.

O porta-voz do movimento argumentou que o regime sionista atrasou o retorno dos deslocados ao norte da Faixa de Gaza, atacou os palestinos durante o tratado em vigor e obstruiu o fluxo de ajuda humanitária ao enclave.

Por outro lado, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, rechaçou o anúncio e alegou que o adiamento da troca de reféns configura uma “violação completa do acordo de cessar-fogo”.

“Ordenei às IDF (Forças de Defesa de Israel) a se prepararem no mais alto nível de alerta para qualquer cenário possível em Gaza e a protegerem as comunidades [fronteiriças]. Não voltaremos à realidade de 7 de outubro”, disse.

RS/Fotos Públicas
O grupo palestino Hamas anunciou nesta segunda-feira (10/02) que adiará a próxima libertação de prisioneiros israelenses “até novo aviso” devido a violações de Tel Aviv

 

Delegação israelense abandona negociações em Doha

A decisão do Hamas foi anunciada logo depois que o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou que a delegação israelense que viajou a Doha, no Catar, para debater sobre a próxima fase do acordo de cessar-fogo retornou ao país. De acordo com a emissora árabe Al Arabiya, não houve detalhes imediatos a respeito do abandono das negociações. 

No entanto, segundo o veículo, uma autoridade palestina próxima às discussões afirmou que o progresso das tratativas estava sendo prejudicado por uma “falta de confiança” entre o Hamas e o governo de Israel, que têm se acusado mutuamente de violar os termos do cessar-fogo.

“Há um sentimento de desconfiança, especialmente porque o Hamas vê uma falta na implementação da primeira fase do acordo no que diz respeito ao protocolo humanitário e à permissão dos materiais em Gaza, conforme o acordo”, explicou o funcionário.

A retirada da delegação israelense também ocorre após as declarações realizadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada. O principal aliado do regime sionista anunciou que pretende ocupar Gaza e expulsar sua população para construir a “Riviera do Oriente Médio”.

Os comentários do mandatário norte-americano foram rejeitados pela comunidade internacional, porém, endossados por Netanyahu, que esteve em Washington em um encontro com o magnata. Segundo o Al Arabiya, a situação provocou “irritação no Egito, onde fontes de segurança disseram que Israel estava ‘colocando obstáculos’ ao bom andamento do acordo de cessar-fogo, incluindo atrasos na retirada de suas tropas e vigilância aérea contínua”.

A primeira fase do acordo de cessar-fogo de 42 dias começou em 19 de janeiro. Até agora, 18 dos 33 prisioneiros israelenses previstos a serem libertados pelo Hamas retornaram a Israel, em troca de cerca de 600 reféns palestinos.

As negociações referentes à segunda etapa do acordo, que prevê a libertação dos reféns restantes e a retirada gradual e total das forças israelenses no território palestino, começaram na semana anterior. Embora ela deva ser implementada no começo de março, houve poucos sinais de progresso.