Através de um comunicado difundido nesta quinta-feira (06/03), o grupo de resistência palestino Hamas acusou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a promover uma campanha contra Gaza e contra o próprio Hamas, cujo objetivo seria “encorajar Israel a apertar o cerco e manter o povo palestino à mercê da fome”.
A declaração acontece horas depois de uma coletiva, na qual Trump disse que o Hamas enfrentaria “um inferno” se não libertasse imediatamente todos os reféns mantidos no enclave. As palavras do mandatário estadounidense foram ditas logo após uma reunião em Washington, nesta quarta-feira (05/03), com oito israelenses que estiveram presos em Gaza e foram libertados.
Desde sábado (01/03), Israel e os Estados Unidos têm insistido na proposta de estender a primeira fase do cessar-fogo por 50 dias. Nesse período, o Hamas libertaria todos os reféns em dois lotes, sem que Israel garantisse um cessar-fogo permanente.
Por sua parte, o Hamas insiste em que Israel negocie a segunda fase do acordo, que previa a libertação dos últimos reféns dentro de um acordo que garanta o fim da guerra a partir da retirada completa do exército israelense do território palestino.
Segundo Abdel Latif Al-Qanoua, um dos porta-vozes do Hamas, “a melhor maneira de libertar os prisioneiros israelenses restantes é passarmos para a segunda fase do cessar-fogo e forçar Israel a aderir a um acordo no qual tenha que ceder às condições dos mediadores”.
‘O Hamas cumpriu sua parte’
Outro porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à agência de notícias turca Anadolu que as ameaças de Trump “complicam as questões relacionadas ao acordo de cessar-fogo e encorajam (Israel) a se abster de implementar seus termos”.
Qassem também enfatizou que “o Hamas implementou todas as suas obrigações sob a fase um, enquanto Israel está evitando entrar na fase dois. A administração dos Estados Unidos é obrigada a pressionar os ocupantes a negociar a fase dois”.
O representante do Hamas também considera que Israel já descumpriu diversas vezes o cessar-fogo, através de ataques, restrições à entrada de ajuda humanitária e atrasos à libertação de prisioneiros.

A população de Gaza está vivendo entre ruínas sem nenhuma infraestrutura
Entrada de ajuda humanitária foi novamente bloqueada
No último domingo (02/03), Israel iniciou um bloqueo da ajuda humanitária enviada à Faixa de Gaza. A medida, segundo o governo do premiê Benjamin Netanyahu, seria mantida até o Hamas aceitar uma extensão da fase um do cessar-fogo, com a libertação de todos os 59 reféns que ainda estão em poder do grupo palestino.
O bloqueio à ajuda humanitária pode ampliar a situação de necessidade vivida pela população local. Segundo informe da organização Human Righs Watch, não só os alimentos estão se tornando escassos como também o combustível disponível para poder realizar atividades básicas.
A entidade publicou mensagens em suas redes sociais denunciando essa situação, a qual considera como uma “flagrante violação do direito internacional humanitário”.
Diante dessa situação, o Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma reunião de emergência, na qual alguns membros defenderam a proposta de uma resolução para obrigar Israel a permitir imediatamente a entrada de alimentos, combustíveis e outros suprimentos.
Além disso, cinco membros do Conselho (Dinamarca, Eslovênia, França, Grécia e Reino Unido) solicitaram a Israel que aceite negociar a segunda fase do cessar-fogo e a considerar a condição de retirar suas tropas do território da Faixa de Gaza.
Com informações da Al Jazeera.