Hamas confirma morte de Yahya Sinwar e garante que ‘mártir só aumentará’ a resistência
Khalil Hayya, um dos líderes do grupo, instou que reféns israelenses serão mantidos em Gaza enquanto não houver cessar-fogo, retirada de tropas e libertação dos palestinos presos
Atualização às 10h15
O grupo palestino Hamas confirmou, nesta sexta-feira (18/10), a morte de seu chefe Yahya Sinwar em um ataque das Forças de Defesa Israelenses (FDI, como é chamado o exército do país) em Tal as-Sultan, região próxima a Rafa, no sul da Faixa de Gaza, na última quarta-feira (16/10).
A confirmação foi feita por um dos líderes do grupo, Khalil Hayya, em um discurso televisionado. Ao mencionar “a memória do mártir caído Yahya Sinwar”, Hayya afirmou que o antigo líder “sacrificou sua vida pela causa da nossa libertação”.
Garantiu assim que sua morte e “dos líderes que o precederam só aumentarão a força e a resiliência” do Hamas. Sinwar assumiu a liderança do Hamas em agosto passado, após o assassinato de Ismail Haniyeh, em um atentado realizado em Teerã, capital do Irã, no dia 31 de julho.
Mencionando uma das principais exigências de Tel Aviv, inclusive instada pelo presidente Isaac Herzog na última quinta-feira (17/10), após o Ministério da Defesa do país anunciar a morte de Sinwar, o líder do Hamas confirmou que os reféns israelenses mantidos em Gaza não retornarão a Israel “a menos que a agressão pare, haja uma retirada completa [de tropas] do enclave e os prisioneiros palestinos sejam libertados das prisões”, disse Hayya.
“O Hamas continuará até o estabelecimento do estado palestino em todo o solo palestino com Jerusalém como sua capital”, instou.

Após morte de Sinwar, “Hamas continuará até o estabelecimento do estado palestino”, instou líder
Ao descrever Sinwar como “firme, corajoso e intrépido”, o representante do Hamas declarou que “ele encontrou seu fim de pé, bravo, com a cabeça erguida, segurando sua arma de fogo, atirando até o último suspiro, até o último momento de sua vida”.
“[Sinwar] viveu toda a sua vida como um lutador santo. Desde os seus primeiros dias, ele estava engajado em sua luta como um lutador resistente. Ele se manteve desafiador atrás das grades israelenses e, após sua libertação em um acordo de troca, ele continuou com sua luta e sua dedicação à causa”, discursou, segundo a emissora Al Jazeera.
Outro dirigente de alto escalão do Hamas afirmou que o grupo palestino “não pode ser eliminado” com a morte de seus líderes. Em declaração publicada pela agência AFP, Basem Naim, membro sênior do escritório político do Hamas, citou diversos líderes mortos no passado e afirmou que seus falecimentos impulsionaram a popularidade do grupo entre os palestinos.
“O Hamas é um movimento de libertação guiado por pessoas que buscam liberdade e dignidade e não pode ser eliminado”, destacou o dirigente.
“Parece que Israel acredita que a morte de nossos líderes significa o fim do nosso movimento, mas o Hamas fica cada vez mais forte e popular, e esses líderes se tornam ícones para futuras gerações continuarem a jornada por uma Palestina livre”, acrescentou.
Já o braço armado do Hamas, Brigadas Qassam, também emitiu uma declaração sobre a morte de Sinwar, nesta sexta-feira.
“É uma fonte de orgulho para o nosso movimento colocar líderes antes dos soldados, e para seus líderes liderarem a caravana de mártires do nosso povo”, declarou.
O Ministério da Defesa israelense chegou a confirmar, na quinta-feira (17/10), a baixa do chefe palestino após um teste de DNA que comprovou sua identidade.
Eliminated: Yahya Sinwar.
— Israel Defense Forces (@IDF) October 17, 2024
As FDI também divulgaram, por meio das redes sociais, um vídeo gravado por um drone que supostamente registra Sinwar momentos antes de ser morto. Nas imagens, ele aparece sentado em uma poltrona em uma sala destruída no primeiro andar de um edifício e arremessa um objeto contra o drone. Sinwar aparentava estar ferido e escondeu seu rosto com um tecido.
(*) Com Ansa e informações da Al Jazeera.
