Hamas dispara foguetes contra Israel pela 1ª vez após bombardeios em Gaza
Grupo palestino reivindicou lançamento de três projéteis, que não deixou feridos; Exército israelense anuncia expansão de operações terrestres no norte do enclave
O Hamas disparou uma barragem de foguetes contra Israel nesta quinta-feira (20/03), em sua primeira resposta aos recentes ataques coordenados pelo regime sionista, que rompeu o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Enquanto isso, as forças israelenses, que somente nesta madrugada mataram mais de 95 palestinos, seguem expandindo suas ofensivas terrestres em Beit Lahiya, no norte do enclave.
De acordo com o jornal The Times of Israel, o Exército identificou o lançamento de três foguetes de longo alcance em direção ao centro do país, configurando a primeira ofensiva do tipo reivindicada pelo grupo em mais de cinco meses. O veículo detalhou que um dos projéteis foi interceptado, e os outros dois “caíram em uma área aberta”, sem vítimas relatadas.
Na terça-feira (18/03), o governo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, com o aval dos Estados Unidos, rompeu o acordo de cessar-fogo e libertação de reféns estabelecido na Faixa de Gaza, em uma postura que foi rechaçada pela comunidade internacional e pelo Hamas, classificando-a como “traição”.
Para justificar a retomada das operações, o regime sionista alegou que o grupo palestino rejeitou os pedidos de extensão da primeira fase do tratado, além de um suposto preparo de ataques a alvos israelenses, o que foi negado pelo grupo. Pelo contrário, o movimento de resistência expressou prontidão em prosseguir nas negociações para a segunda etapa do acordo, enquanto o regime sionista insistia em alterar as cláusulas inicialmente estabelecidas no tratado.
Desde a ruptura do cessar-fogo, Tel Aviv tem intensificado seus ataques no território palestino. O Ministério da Saúde do enclave informou que mais de 500 palestinos, a maioria mulheres e crianças, foram mortos e mais de 900 ficaram feridos em apenas três dias.
Nesta quinta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ressaltou à imprensa local que o presidente dos EUA, Donald Trump, “apoia totalmente Israel” e “as ações que eles tomaram nos últimos dias”.

Soldados israelenses operam tanques perto da fronteira sul com a Faixa de Gaza, na quarta-feira (19/03)
Ataques no norte de Gaza
Mais cedo, o Exército israelense disse que suas tropas começaram a realizar operações terrestres perto de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza. Os avanços ocorreram um dia depois que o governo de Netanyahu anunciou que havia recapturado parte do corredor Netzarim, localizado no centro, em uma região que divide o norte e o sul do território palestino. Os militares haviam se retirado dessa área durante a primeira fase da trégua.
Netanyahu prometeu aumentar a pressão sobre o Hamas até que o grupo liberte as dezenas de reféns israelenses e estrangeiros que seguem retidos no enclave. Já as autoridades do grupo, conforme estabelecido inicialmente no acordo de cessar-fogo, reforçam que as demandas permanecem inalteradas.
A retomada das hostilidades foi condenada pela comunidade internacional, incluindo a ONU e a União Europeia (UE), que se disseram “chocadas” com os bombardeios israelenses. Enquanto isso, Washington culpou o Hamas pelo reinício do conflito.
O acordo de cessar-fogo havia começado em 19 de janeiro e permitiu a restituição de 33 reféns israelenses (sendo oito deles mortos) e cinco tailandeses, bem como a soltura de mais de 1,7 mil prisioneiros palestinos. Cerca de 60 pessoas retidas pelo Hamas, desde 7 de outubro de 2023, continuam em Gaza.
