Hamas diz que restos mortais de prisioneira devolvida a Israel se mesclaram a outros em Gaza
Grupo palestino afirma que reféns morreram em ataques israelenses
O Hamas informou nesta sexta-feira (21/02) que os restos mortais de Shiri Bibas parecem ter se misturado a outros em meio aos escombros de um bombardeio israelense na Faixa de Gaza, de acordo com a emissora catari Al Jazeera.
A declaração foi dada após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alegar que um dos quatro corpos devolvidos no dia anterior não é de Bibas, e sim de uma mulher palestina. O premiê classifica isso como “grave violação do acordo de cessar-fogo” e diz que fará “o Hamas pagar”.
Shiri Bibas é uma mulher israelense que foi feita refém com o marido e seus dois filhos, um de quatro anos e outro de oito meses, em 7 de outubro de 2023.
O homem foi libertado no início do mês, mas os três foram mortos em bombardeio israelense em novembro de 2023, junto com seus captores. É o que informam as brigadas do Movimento Mujahideen Palestino (MMP), que mantiveram os respectivos corpos em cativeiro.
O governo de Israel disse que a identificação do corpo das crianças foi positiva e culpou o Hamas por suposto assassinato, mas um comandante do MMP declarou em vídeo que o grupo palestino deu à família “condições de vida segura, como ordena a lei islâmica” e que mantiveram as crianças com a sua mãe “por compaixão”.
Ainda segundo o MMP, os três morreram durante um intenso bombardeio promovido pelo “Exército nazista” de Israel. Acrescentou também que, no momento de sua captura, Shiri Bibas era uma soldada israelense ativa servindo no escritório do Comando Sul de Gaza e que antes havia trabalhado na Unidade 8200 de Israel.
Um dos corpos devolvidos era de israelense defensor da Palestina
Embora o Hamas não fosse responsável por manter a família em cativeiro, o grupo incluiu a entrega de seus corpos na troca por reféns palestinos prevista no acordo de cessar-fogo. Não houve informações sobre o paradeiro do corpo de Shiri.
O quarto corpo devolvido era de Odeb Lifshitz, jornalista aposentado de 85 anos, pacifista e defensor da causa palestina. Ele também foi levado para Gaza em 7 de outubro de 2023 junto com a esposa, que foi libertada no mês seguinte.
A entrega dos corpos dos reféns ocorreu na esplanada sul da Faixa de Gaza, onde o Hamas expôs os caixões com fotos dos reféns contra uma faixa em que se lia: “o criminoso de guerra Netanyahu e seu Exército nazista os mataram com mísseis de aviões sionistas”.

Israel Katz. ministro da Defesa de Israel anuncia novos ataques à Cisjordânia
Haaretz avalia que direita prepara retomada da guerra
Análise do jornal israelense Haaretz avalia que Netanyahu e toda a direita israelense preparam para retomar a guerra. Afirma que “nenhuma ONU ou Tribunal de Haia poderá deter Israel enquanto o presidente Donald Trump der carta branca ao país para fazer o que quiser”.
Sobre a não devolução do corpo de Shiri, o enviado especial para reféns dos Estados Unidos Adam Boehler disse que era “uma horrível e clara violação do cessar-fogo”.
“Se eu fosse eles, libertaria todos ou eles enfrentarão a aniquilação total”, acrescentou Boehler.
Também nesta quinta-feira, Netanyahu ordenou uma “intensiva operação militar” na Cisjordânia ocupada depois de explosões em três ônibus vazios estacionados na cidade de Bat Yam, a dez quilômetros ao sul de Tel Aviv, no que as autoridades supõem ser um ataque terrorista.
Outros explosivos foram encontrados na cidade vizinha de Holon e desativados pelas autoridades israelenses. Nenhum grupo reivindicou os ataques que não deixaram feridos, segundo o Haaretz.
Israel prevê atacar campos de refugiados de Tulkarem e “todos os campos de refugiados da Judeia e Samaria”, informou o ministro da Defesa do país, Israel Katz. O exército sionista vem intensificando ataques na Cisjordânia ocupada desde outubro de 2023. No último dia 21 de janeiro, ao menos 51 palestinos, incluindo sete crianças, morreram em um desses ataques, segundo informações da ONU.
Arábia Saudita sedia cúpula árabe sobre Gaza
Seis potências do Conselho de Cooperação do Golfo mais Egito e Jordânia realizam nesta sexta-feira uma reunião na Arábia Saudita para discutir a situação e reconstrução da Faixa de Gaza. O objetivo é estabelecer uma proposta unitária para se opor ao plano do presidente norte-americano Donald Trump de expulsar os palestinos do enclave para transformá-lo em um empreendimento turístico de seu país.
Devem estar presentes, além dos sauditas, representantes dos Emirados Árabes, Catar, Kuwait, Omã e Bahrein, além do rei Abdullah II da Jordânia e do presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi.
O encontro será preparatório da cúpula de chefes de Estado da Liga Árabe que reunirá 22 países dia 4 de março no Cairo para definir uma alternativa para a reconstrução de Gaza. A pauta do encontro inclui definir como e quem financiará a reconstrução do enclave, assim como quais empresas serão responsáveis por executar o projeto.
As estimativas das Nações Unidas, do Banco Mundial e da União Europeia publicadas na terça-feira (18/02) são de que a reconstrução de Gaza possa custar em torno de U$ 53 bilhões de dólares.
