Mediadores entregaram para o governo de Israel e ao grupo palestino Hamas nesta segunda-feira (13/01) uma versão final de um acordo de cessar-fogo para encerrar a guerra em Gaza.
Segundo a agência de notícias Reuters, o texto com a proposta para um cessar-fogo e a libertação dos reféns em Gaza foi concluído depois da meia-noite e apresentado pelo governo do Catar a ambos os lados.
“As próximas 24 horas são cruciais para se chegar ao acordo”, disse à agência “uma fonte informada” sobro o assunto que não quis se identificar.
As negociações ocorreram em Doha e contaram com a presença de representantes do presidente norte-americano Joe Biden (Brett McGurk) e do presidente eleito Donald Trump (Steve Witkoff), além de representantes do Hamas e dos chefes das agências de espionagem israelenses Mossad (David Barcnea) e Shin Bet.
Também atuaram como mediadores o primeiro-ministro do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, e o chefe da agência egípcia de inteligência, Hassan Mahmoud Rashad.
Um alto funcionário israelense disse que o acordo poderia ser concluído em poucos dias se o Hamas aceitar. Por outro lado, o grupo palestino afirmou que as informações que chegavam de Doha eram “muito promissoras”.

Israel matou mais de 45 mil palestinos em 15 meses de guerra em Gaza
“As lacunas estavam sendo reduzidas é há um grande impulso em direção a um acordo, se tudo correr bem”, disse um funcionário palestino.
Há mais de um ano que os Estados Unidos, Catar e Egito trabalham para um acordo de paz. Ambos os lados concordam há meses com a liberação dos reféns mantidos em Gaza e a libertação dos presos palestinos por Israel.
As negociações incluíram a discussão de quais prisioneiros seriam libertados na primeira fase e qual seria a extensão da retirada das tropas israelenses de Gaza.
Mas o Hamas exigia também o fim definitivo das hostilidades e a retirada de Israel de Gaza. E o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, insiste que a guerra não acabará enquanto o Hamas não for desintegrado.
Extrema direita declarou que votará contra o acordo
De acordo com reportagem da emissora catari Al Jazeera, a extrema direita israelense já declarou que votará contra o acordo e Netanyahu busca convencê-los.
Segundo o canal, há uma corrente de pensamento em Israel que acredita que o premiê prolongou um possível acordo por temer que o fim do conflito resultará no colapso do seu governo.
As negociações se prolongaram até as primeiras horas desta segunda-feira. De um lado, Witkoff pressionava os israelenses. De outro, o premiê catari pressionava o Hamas.
A Casa Branca informou que as negociações são para um cessar-fogo gradual, como o defendido por Biden em maio passado e depois endossado, por unanimidade, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Além do retorno dos reféns e do fim dos combates, o presidente norte-ameircano pediu o aumento da ajuda humanitária à Gaza.
A posse de Trump, dia 20 de janeiro, é vista como uma data limite. Desde a campanha eleitoral, ele prometia acabar com o conflito “em 24 horas”. Na semana passada, ameaçou que haveria “um inferno a pagar”, caso os reféns mantidos pelo Hamas não fossem libertados antes de ele assumir.
Derramamento de sangue prossegue
Enquanto os negociadores conversavam, entretanto, o derramamento de sangue segue em Gaza. Na manhã desta segunda-feira, o Exército israelense matou ao menos 21 palestinos, cinco deles em mais um ataque a uma escola transformada em abrigo para deslocados de outras áreas.
Os combates vêm sendo particularmente intensos no extremo norte do enclave, onde os palestinos acusam Israel de buscar despovoar permanentemente uma zona-tampão.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) matou mais de 46 mil palestinos (número que pode ser 40% maior), deslocou cerca de 90% da população de Gaza e devastou a maior parte do enclave.