O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman, anunciou nesta quarta-feira (15/01) que o grupo palestino Hamas e o governo de Israel chegaram a um acordo de cessar-fogo que coloca fim aos 15 meses de massacre israelense contra os residentes palestinos na Faixa de Gaza.
Segundo Abdulrahman, a trégua deverá ser iniciada oficialmente no próximo domingo e também implica em uma troca de prisioneiros entre os dois lados, que deve acontecer nos próximos dias.
O acordo foi fechado em Doha, capital do Catar, após semanas de negociações entre representantes do grupo de resistência palestino e do governo israelense, além de diplomatas do país anfitrião e de Egito e Estados Unidos, os três mediadores do diálogo.
Os termos do acordo preveem uma primeira fase que deve durar cerca de 42 dias, nos quais Israel deverá libertar centenas de palestinos que se encontram em centros de detenção do país, todos eles mulheres e crianças palestinas, além de homens maiores de 50 anos. Em troca, o Hamas se compromete a entregar 33 reféns capturados no ataque do dia 7 de outubro de 2023.
Segundo o canal Al Jazeera, do Catar, o Hamas já entregou oficialmente sua aprovação à proposta de cessar-fogo. No caso de Israel, de acordo com a agência Reuters, uma autoridade ligada ao governo do premiê Benjamin Netanyahu teria assegurado a aprovação do texto, embora ele ainda deva ser avaliado pelo conselho de guerra.

Acordo de cessar-fogo seria colocado em prática a partir do próximo domingo (19/01), segundo canal Al Jazeera
Também de acordo com a Al Jazeera, o presidente de Israel, Isaac Herzog, já se encontrou com a presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Jerusalém para discutir os preparativos para a libertação de reféns.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi um dos primeiros a se pronunciar oficialmente, através de suas redes sociais, para dizer que o acordo foi alcançado. Em sua mensagem, ele atribuiu o fechamento do acordo à presença do seu enviado na mesa de negociação, o diplomata Steve Witkoff.
Os detalhes para a implementação da segunda fase do acordo serão negociados a partir do décimo sexto dia da primeira fase. A expectativa é que incluam a libertação de todos os demais reféns, um cessar-fogo permanente e a retirada completa das tropas israelenses do enclave.
Na terceira fase do acordo, as partes deverão discutir o início da reconstrução de Gaza, que seria supervisionada por representantes do Egito, do Catar e da Organização das Nações Unidas (ONU).
Caso se torne efetivo, o cessar-fogo colocará fim a um massacre iniciado por Israel em outubro de 2023 e que já matou mais de 46 mil civis palestinos, segundo cifras oficiais – alguns estudos, porém, estimam que o número real de vítimas pode ser até quatro vezes maior –, e que causou a destruição de quase toda a infraestrutura da Faixa de Gaza, fazendo com que mais de 90% da população do enclave seja deslocada.
Com informações de Al Jazeera.