Hamas liberta refém israelense-americano e fala em ‘esforços’ para alcançar cessar-fogo
Grupo palestino entregou Edan Alexander após negociações diretas com os EUA, sem envolvimento de Israel; governo Netanyahu anunciou delegação para negociar trégua no Catar
O grupo palestino Hamas libertou, nesta segunda-feira (12/05), o refém israelense-americano Edan Alexander, de acordo com o anúncio feito no último domingo (11/05) após negociações com o governo dos Estados Unidos. A libertação também foi confirmada por um breve comunicado das Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês).
🟡According to the information communicated by the Red Cross, one hostage has been transferred to them, and is on his way to IDF and ISA forces in Gaza.
— Israel Defense Forces (@IDF) May 12, 2025
Em comunicado veiculado pela emissora Al Jazeera, o Hamas informou que o primeiro soldado vivo das forças de Israel, sequestrado em 7 de outubro de 2023, a ser libertado, foi entregue “há pouco tempo, após contatos com a administração dos EUA”.
O homem de 21 anos foi levado pelo Hamas à Cruz Vermelha, organização humanitária responsável pelas trocas de prisioneiros no conflito, que por sua vez, o entregou às IDF.
Ao deixar a Faixa de Gaza pela passagem de Kissufim, no sul do enclave palestino, será levado a base aérea de Re’im, no sul de Israel. No local, se reunirá com sua família e depois será transportado para um hospital perto de Tel Aviv.
A libertação de Alexander foi também anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, nesta segunda-feira (12/05). “Esperamos que outros reféns também sejam libertados. Vamos pegar Edan hoje”.
Segundo o jornal Israel Hayom, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, agradeceu a ao mandatário republicano pelo esforço acerca da libertação de Alexander, apesar de seu governo não ter tido qualquer envolvimento nas negociações com o Hamas.

idfonline/X
Possibilidade de cessar-fogo?
O Hamas ainda declarou que a libertação do refém foi resultado de “contatos importantes nos quais o Hamas demonstrou positividade e alta flexibilidade” e feita para alcançar um cessar-fogo com Israel na Faixa de Gaza.
“Isso faz parte dos esforços feitos pelos mediadores para alcançar um cessar-fogo, abrir as travessias e permitir que ajuda e alívio cheguem ao nosso povo na Faixa de Gaza”, disse o grupo, segundo a emissora catari.
A organização de resistência palestina também lembrou que “negociações sérias e responsáveis resultam na libertação de prisioneiros”, mas que “a continuação da agressão prolonga o sofrimento deles e pode matá-los”, como já ocorreu com outros reféns israelenses mantidos em Gaza que foram vitimados pelos próprios bombardeios de Tel Aviv no enclave palestino.
O Hamas garantiu assim estar pronto para iniciar “imediatamente” as negociações para um cessar-fogo “abrangente e sustentável, incluindo a retirada do exército de ocupação, o fim do cerco, uma troca de prisioneiros e a reconstrução da Faixa de Gaza”.
Instou também o governo dos EUA a continuar “seus esforços para pôr fim a esta guerra brutal travada pelo criminoso de guerra Netanyahu contra crianças, mulheres e civis indefesos na Faixa de Gaza”.
Por sua vez, o gabinete de Netanyahu confirmou, também nesta segunda, que o país enviará a Doha, no Catar, mediador do conflito, uma delegação como “um último esforço” para estabelecer um acordo de libertação para os reféns que ainda estão em Gaza.
Contudo, o governo israelense defendeu que as negociações devem acontecer “sob pressão”, ou seja, a continuidade dos bombardeios contra os palestinos e o bloqueio de ajuda humanitária, que levou a meio milhão de pessoas se enquadrar na categoria “risco crítico de fome” do monitoramento global de fome Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC).
Os familiares de reféns ainda mantidos em Gaza não concordam com esta tática. Dani Miran, pai do refém Omri Miran, defendeu que “não há acordos sem concessões”, como relatou a Al Jazeera.
“O Hamas já fez a primeira concessão – façam suas concessões e cheguem a um acordo”, exigiu ao governo de Netanyahu, o qual também acusou de ser responsável de “não proteger seus cidadãos”.
(*) Com informações da Al Jazeera, Middle East Eye e Times of Israel
