O Hamas libertou três prisioneiros israelenses da Faixa de Gaza neste sábado (08/02), em troca dos 183 reféns palestinos libertados pelo governo de Israel, no âmbito da primeira fase do acordo de cessar-fogo iniciada em 19 de janeiro.
Os palestinos “foram transferidos de várias prisões em todo o país”, antes de serem enviados para a Cisjordânia ocupada, Jerusalém Oriental ocupada e Gaza, conforme o comunicado emitido pelo sistema prisional de Tel Aviv. Já por parte do Hamas, foram soltos Eli Sharabi, de 52 anos; Or Levy, 34 anos; e Ohad Ben Ami, 56 anos; concluindo assim o quinto intercâmbio de reféns.
De acordo com o portal Middle East Eye (MEE), os três prisioneiros israelenses foram prontamente enviados a membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em Deir al-Balah, no centro de Gaza, enquanto o regime sionista divulgou imagens de um ônibus que transportava alguns dos reféns palestinos da prisão de Ofer chegando a Ramallah, na Cisjordânia ocupada.
Até o momento, o acordo de trégua já resultou na libertação de 18 israelenses mantidos pelo Hamas, e cerca de 600 reféns palestinos.
À emissora catari Al Jazeera, o membro do gabinete político do Hamas, Basem Naim, reforçou que o grupo está comprometido em evitar quaisquer obstáculos que impeçam o acordo de cessar-fogo. No entanto, acusou Israel de continuar seus “jogos sujos” para minar o tratado. De acordo com a autoridade, o Hamas já alertou os mediadores, incluindo os Estados Unidos, que as violações israelenses, sobretudo os atrasos nas entregas de ajuda humanitária, podem levar ao colapso do cessar-fogo.
“Desde o primeiro dia, nosso objetivo era como parar essa agressão, como evitar a guerra contra nosso povo repetidas vezes, portanto, discutimos com os mediadores que estamos prontos para superar quaisquer problemas, quaisquer obstáculos, quaisquer desafios para dar a este acordo uma chance de sucesso”, disse Naim.
“Ainda temos muitas cartas em nossas mãos para responder [às violações de Israel]. Podemos adiar a entrega de prisioneiros. Estamos fazendo o máximo em cooperação com os mediadores para evitar todos esses obstáculos”, acrescentou.

Helicópteros da Força Aérea Israelense durante a libertação de prisioneiros israelenses de Gaza
Limpeza étnica
As negociações indiretas entre o Hamas e Israel sobre a segunda fase do acordo começaram na terça-feira (04/02) no Catar, um dos três países que participam da mediação, junto com os Estados Unidos e o Egito.
A próxima etapa, que deve ser implementada no começo de março, prevê a libertação de todos os reféns e o fim definitivo do massacre em Gaza, com a retirada gradual das tropas israelenses do território palestino. No entanto, as recentes declarações do mandatário norte-americano Donald Trump, aliado ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, sugerindo a ocupação do enclave e a expulsão dos palestinos de suas terras, podem prejudicar as negociações.
Nesta semana, Trump afirmou que Gaza será “entregue aos Estados Unidos por Israel no final dos combates”, e que, até lá, os palestinos “já terão sido reassentados” em outras partes da região, principalmente no Egito e na Jordânia. Por sua vez, ambos os países mencionados pelo republicano rejeitaram essa opção.
As falas de Trump foram rejeitadas pela comunidade internacional, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU) que alertou contra qualquer “limpeza étnica” e crime de humanidade em Gaza. O acordo também foi rejeitado pelo Hamas e pela Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.
(*) Com RFI